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 | 20/07/2005 09h40min

Campanha de Raul Pont é alvo de suspeita

Reportagem afirma que candidato teria recebido recursos de esquema de Delúbio

A campanha de Raul Pont (PT) à prefeitura de Porto Alegre no ano passado é apontada em reportagem divulgada no site do jornal , da Capital, como suspeita de ter recebido R$ 700 mil em serviços pagos por meio de um suposto caixa dois operado pelo então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, e pelo empresário Marcos Valério de Souza.

A informação é atribuída a um ex-assessor da campanha de Pont, que não é identificado. Os recursos teriam servido para custear os serviços da agência Duda Mendonça Marketing Político, que enviou uma equipe para a Capital no segundo turno da disputa, entre Pont e o atual prefeito, José Fogaça (PPS).

Os petistas gaúchos afirmam que o socorro de Duda fazia parte de um pacote doado pelo comando nacional, mas dizem desconhecer a origem dos recursos.

O comando nacional, diz o site, teria indicado um "interventor" para a campanha: o então secretário nacional de Assuntos Institucionais do PT, Paulo Ferreira. Ao lado de Duda, Ferreira teria imposto como coordenador das atividades o jornalista Augusto Fonseca, integrante da equipe de Duda e um dos responsáveis pela vitória em primeiro turno do petista Fernando Pimentel, atual prefeito de Belo Horizonte.

Fonseca teria provocado desconforto nos antigos colaboradores da equipe de Pont ao traçar as novas linhas da propaganda na TV e no rádio. O problema, porém, não seria apenas técnico, mas política. A campanha de Pont - integrante da Democracia Socialista, conhecida como DS, ala mais à esquerda e adversária da maioria moderada da cúpula nacional - passaria a ser orientada por representantes do moderado Campo Majoritário, tendo Ferreira à frente. O comando inicial da campanha teria sido colocado de lado pelos dois.

Procurado por Zero Hora ontem, Ferreira, que tem parte de sua trajetória política vinculada ao Rio Grande do Sul, onde ocupou cargos de direção estadual do PT, reconheceu ter participado da coordenação da campanha de Pont no segundo turno. O dirigente disse desconhecer, porém, a origem dos recursos que pagaram o reforço a Pont.

A denúncia surge uma semana depois de o presidente estadual do PT, David Stival, ter admitido em entrevista à Rádio Bandeirantes que o partido recebe dinheiro não-declarado em campanhas. Delúbio também falou da existência de caixa dois em nível nacional. No domingo, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, ao recorrer ao caixa dois, a direção do PT "fez o que se tem feito sistematicamente no país".

Ontem, o Ministério Público Estadual anunciou ter pedido à Polícia Federal (PF) investigações sobre as declarações de Stival. Receber recursos por fora constitui crime eleitoral, e a PF deve instaurar inquérito para apurar os indícios.

As informações são do jornal Zero Hora.


 
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