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 | 07/07/2005 08h13min

Procurador teria recebido pelo menos R$ 902 mil de Valério

Informação consta em reportagem do jornal Folha de São Paulo

O procurador da Fazenda Glênio Guedes recebeu pelo menos R$ 902 mil do publicitário Marcos Valério, revela reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal Folha de São Paulo. Valério, suspeito de ser o operador do mensalão, afirmou quarta-feira em depoimento à CPI dos Correios que seu relacionamento com Guedes se restringia a uma paixão comum por cavalos:

– Conversávamos muito sobre cavalos e desenvolvemos uma relação muito íntima. Não estava me relacionando com o procurador da Fazenda, mas com uma pessoa que tem o mesmo gosto que o meu. Viajamos muito pelo mesmo esporte – afirmou.

No entanto, segundo a reportagem da Folha de São Paulo, os dados enviados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) à Procuradoria Geral da República e à CPI dos Correios mostram duas transferências eletrônicas de Valério para o procurador, uma de R$ 782 mil e outra de R$ 120 mil, ambas no final de 2003. Valério negou na CPI que suas empresas tivessem feito qualquer pagamento a Guedes, mas confirmou que elas compravam passagens de avião para o procurador, que depois fazia o reembolso.

Glênio Guedes era do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro. Ele integrava o órgão desde 1998 e era um dos procuradores responsáveis pela emissão de pareceres nos julgamentos do conselho, que analisa recursos administrativos apresentados por instituições financeiras multadas ou punidas pelo Banco Central, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou pela Secretaria de Comércio Exterior. Guedes foi afastado quando se tornou pública sua ligação com o publicitário.

Guedes tinha contatos freqüentes com Valério, e é citado mais de 10 vezes na agenda de 2003 da ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio. Segundo ela, contas de celular do procurador eram pagas pela agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério. Guedes terá que responder a uma sindicância interna e depor em inquérito da Polícia Federal.

As informações são da Agência O Globo.

 
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