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PT quer super CPI e oposição aguarda fato novo no caso Waldomiro

Proposta foi criticada pelo presidente da Câmara, o petista João Paulo

A estratégia do PT de pedir uma investigação ampla sobre financiamentos de campanha para abafar o caso Waldomiro Diniz caiu mal entre os senadores. Mesmo assim, boa parte dos parlamentares da Casa acredita ser difícil que uma CPI para investigar o ex-assessor da Presidência vá para frente sem o surgimento de um fato novo.

– Acho que a CPI não sai, apesar do PT – disse um senador pefelista que pediu para não ser identificado.

Contrária a uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar apenas as denúncias contra Waldomiro, a bancada do PT defende uma investigação que poderia envolver as campanhas presidenciais dos tucanos José Serra e Fernando Henrique Cardoso, além de outros episódios, como a privatização da Telebrás.

As denúncias contra o ex-subchefe de assuntos parlamentares da Presidência – subordinado ao ministro José Dirceu (Casa Civil) até a reforma ministerial de janeiro – surgiram com reportagem da revista Época, mostrando Waldomiro pedindo a um bicheiro em 2002 propina e contribuição de campanha para três candidatos a governos estaduais.

Na avaliação de alguns senadores, o PT deu um tiro no pé. Muitos se sentiram contrariados com as insinuações dos líderes do governo de que todos deveriam ser investigados.

Com isso, pefelistas como Heráclito Fortes e Romeu Tuma, que a princípio não assinariam o requerimento pensam em mudar de idéia. Por enquanto, segundo parlamentares pefelistas, dos 17 senadores do PFL, 11 devem assinar o requerimento para a CPI. O partido não vai se reunir para fechar questão sobre o assunto.

Até o início da noite, segundo fontes ligadas ao senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que propôs a CPI, havia 23 assinaturas no requerimento. É preciso o apoio de 27 senadores para que ela possa ser instalada.

O analista político Chistopher Garman, da Tendências Consultoria, avaliou que a proposta do PT para uma investigação ampla pode se voltar contra o governo.

– Essa estratégia é mais arriscada. E se a oposição aceitar? – disse Garman à Reuters, referindo-se à possibilidade de PSDB e PFL não se oporem a uma super CPI.

– Eles (PSDB e PFL) não teriam muito a perder com investigações antigas, porque isso é notícia velha, não é o relevante na ordem do dia. E se começam a investigar na CPI as ações de Waldomiro em 2003?

O próprio presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), criticou indiretamente a proposta de uma super CPI.

– Nesse momento, é importante para nosso país ter tranquilidade nas duas Casas (...) Não quero participar de nenhuma ação que vire revanche, acirramento de ânimos e brigas. Quem quer ajudar o Brasil neste momento, não quer apagar fogo com gasolina – disse João Paulo a jornalistas no início da noite.


Parlamentares da oposição admitem, no entanto, que apenas o surgimento de uma denúncia mostrando irregularidades de Waldomiro no atual governo poderia fazer com que uma CPI para o caso fosse efetiva.

O principal argumento do governo é que as denúncias se referem a fatos ocorridos antes da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na esfera estadual, no caso o Rio de Janeiro, onde Waldomiro era presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj).

Além disso, o presidente Lula demitiu rapidamente o assessor e pediu à Polícia Federal um inquérito sobre o caso. Sem contar, diz o governo, a investigação que já estava em andamento pelo Ministério Público.

Nesse sentido, a aprovação pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro de uma CPI para investigar o caso reforça a posição do governo. No Rio, o PT votou a favor da CPI, por considerar que é lá que a investigação deve ocorrer.

Mesmo conseguindo as 27 assinaturas necessárias, a CPI no Senado poderia ficar travada na etapa de indicação de seus membros pelos partidos, se o governo preferir abafar o caso.

Mas o senador Pedro Simon (PMDB-RS), cujo partido decidiu orientar seus parlamentares a não assinarem o requerimento para a CPI, acha que o governo não deveria trabalhar contra a investigação no Senado.

– Deixei de assinar em respeito à bancada, mas acho que o grande patrimônio de um governo é o patrimônio ético. Equívocos podem acontecer, o que não se pode é perder esse patrimônio. Não fazer a CPI indica que o governo está com medo.

Para Simon, o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu sua força quando começou a abafar CPIs. As informações são da agência Reuters.

 
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