| 22/04/2009 03h34min
Com estilo de lorde inglês, incapaz de cometer uma grosseria com jogador ou repreender alguém em público, o técnico Paulo Autuori (detalhe) abre uma dúvida entre a torcida: esse perfil tem a cara do Grêmio? Ainda que o treinador não tenha sido oficializado pelos dirigentes, no Olímpico pelo menos Souza e Fábio Santos respondem de pronto à questão: sim, tem o perfil.
Quem já trabalhou com Autuori garante: até os reservas gostam dele. Ele só não permanece no clube quando o ambiente de trabalho é ruim. Foi assim em sua segunda passagem pelo Cruzeiro, em 2007, no momento em que brigou com um dirigente e acabou pedindo demissão. Dois anos antes, após levar o São Paulo ao título do Mundial, não aceitou renovar contrato. Acreditava que seu trabalho havia chegado ao fim com a conquista.
Com 30 anos de carreira, ele prefere o time no esquema 4-4-2, mas não costuma alterar a formação tática de uma equipe como o Grêmio, que atua no 3-5-2.
De quebra, tem no
currículo títulos importantes como o
Brasileirão de 1995, a Libertadores de 1997 e a de 2005, além do Mundial naquele mesmo ano. Pela primeira vez, porém, assumirá a função de técnico e de manager no futebol brasileiro. Terá a missão no Grêmio de cuidar do time profissional e das categorias de base – como vem fazendo no Al-Rayyan.
Diálogo no vestiário
Embora tenha suas convicções, Autuori é homem de diálogo. O gerente de futebol do Cruzeiro, Eduardo Maluf (foto), recorda que em toda a campanha da Libertadores de 97 técnico, direção e jogadores debatiam a estratégia jogo a jogo. Wilson Gottardo, o capitão da equipe, sempre discutia detalhes táticos com Autuori e sua comissão técnica – ele levou para o Cruzeiro um auxiliar, um preparador físico e um fisiologista.
– Autuori troca ideias com a direção de futebol e com seus jogadores, embora não abra mão de tomar as decisões. Seu time joga bonito – contou Maluf.
– Ele realmente deu abertura para
falar sobre o time, mas nunca interferimos porque sempre
confiamos no Autuori – afirmou o vice de futebol do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
A demissão
Dez anos depois de vencer a Libertadores com o Cruzeiro, Autuori voltou ao clube, mas não conseguiu repetir a boa campanha. O ambiente na Toca da Raposa já não era o mesmo. Apesar de contar com a confiança do grupo – mais badalado e mais caro do que aquele de 1997 –, o técnico foi eliminado na Copa do Brasil e pediu demissão após levar uma goleada do Atlético na final do Mineiro. Saiu brigado com alguns dirigentes.
– O time de 97 era modesto, mas muito bem posicionado e aguerrido. O de 2007 não tinha a cara do Autuori, foi um trabalho fraco – analisou o repórter Fernando Pacheco, de O Lance! de Minas Gerais.
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