| 13/01/2008 18h58min
O Diretor Nacional de Inteligência dos Estados Unidos, Mike McConnell, disse que a asfixia simulada seria considerada tortura caso entrasse água nos pulmões de um interrogado, segundo uma entrevista publicada hoje pela revista The New Yorker.
"Minha definição de tortura é algo que causaria uma terrível dor (...); a asfixia simulada seria terrível. Se jogassem água no meu nariz, oh Deus, não posso imaginar o quão doloroso seria", diz McConnell na entrevista. "Não sei se outros a considerariam tortura, mas para mim seria", acrescentou.
Por razões legais, ele se recusou a afirmar se essa técnica constitui categoricamente um método de tortura. McConnell explicou que na asfixia simulada, o rosto do prisioneiro, já algemado, é coberto por uma pequena toalha e, posteriormente, pinga-se água em seu nariz com um conta-gotas.
Considerou que a prova legal sobre se um método constitui ou não tortura seria simplesmente determinar se "inflige uma dor tão
insuportável, que obriga alguém a falar em
virtude dela". O diretor, por outro lado, negou que os EUA recorram à tortura, mas insistiu em que os métodos de coerção utilizados pela CIA (agência central de inteligência) em interrogatórios permitiram a obtenção de informações valiosas.
"Conseguimos informações significativas, que podem salvar muitas vidas", disse McConnell, responsável por coordenar as tarefas de 19 agências da comunidade de inteligência dos EUA.
A entrevista foi publicada no momento em que o Congresso dos EUA investiga a destruição, em 2005, de duas fitas da CIA que supostamente mostravam atos de tortura contra dois membros da Al Qaeda, realizados três anos antes.
O Departamento de Justiça e a CIA também fazem suas próprias investigações sobre o incidente, que reacendeu o debate nacional sobre a tortura.
No mês passado, a Câmara de Representantes aprovou um projeto de lei que proíbe que a CIA utilize métodos de interrogatório não autorizados pelo Exército,
entre eles a asfixia simulada.
O Senado
ainda não submeteu a medida à votação, mas os analistas consideram que ela seria vetada pelo presidente americano, George W. Bush.
A Casa Branca não quis comentar a entrevista nem os métodos usados por agentes da CIA durante os interrogatórios.
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