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 | 27/10/2002 23h43min

Encerrada apuração dos votos no Rio Grande do Sul

Germano Rigotto (PMDB) foi eleito governador com 52,67% dos votos válidos

Com 100 % dos votos apurado no Rio Grande do Sul, o candidato da coligação União Pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS) Germano Rigtto é o novo governador do Estado do Rio Grande do Sul. O peemedebista venceu as eleições deste dia 27 de outubro, com 52,67% dos votos válidos, ou 3.148.788 votos. O candidato da Frente Popular (PT-PCdoB-PCB-PMN), Tarso Genro, obteve 47,33%, ou 2.829.527 votos. A diferença entre os dois foi de 5,34 pontos percentuais, ou 319.261 votos a mais para Rigotto.

Foram registradas 14,61% abstenções, ou seja, 1.073.931 pessoas deixaram de ir às urnas neste segundo turno no Estado. Dos 6.278.208 que votaram, 1,68% ( ou 105.764 ) votaram em branco; e 3,09% (194.129 ) anularam o voto. Considerando-se a totalidade dos votos (incluindo brancos e nulos), Rigotto obteve 50,15% dos votos; e Tarso, 45,07%.

No primeiro turno, no dia 6 de outubro, Rigotto também saiu vencedor. Ele fez 41,17% dos votos válidos, ou 2.426.880 votos. Tarso havia conseguido 37,25%, ou 2.196.134 votos. A diferença entre os dois havia sido de 279.032 votos.

A vitória de Rigotto pode ser considerada um virada histórica, que começou a se definir na metade do primeiro turno. Começando um campanha desacreditado, inclusive dentro do próprio PMDB, e figurando nos pouco mais de 3% das intenções de votos nas primeiras pesquisas eleitorais, Rigotto encerrou o primeiro turno vitorioso e com um índice de rejeição menor que o de Tarso. Agora o candidato comemora também a vitória no segundo turno.

O peemdebista conseguiu inverter a situação do início da campanha impondo-se como uma terceira opção à bipolarização que até então definia Tarso Genro (PT) e o ex-governador Antônio Britto (PPS) como os favoritos para o segundo turno. Enquanto as brigas e trocas de acusações entre Tarso e Britto enfraqueciam a campanha de ambos e fazia aumentar o índice de rejeição dos dois, Rigotto crescia nas intenções de votos rejeitando as estratégias de enfrentamento agressivo. Com o crescimento nas pesquisas – ele subiu, em média, 20 pontos percentuais neste últimos dois meses –, o PMDB começou a se dedicar para uma forte campanha na televisão e no rádio, além de aumentar os número de militantes nas ruas e dar maior importância para o desempenho do candidato nos debates.

Outro fator decisivo para a vitória deste segundo turno foi a definição das alianças logo após o 6 de outubro. Rigotto entrou favorecido pela vitória e conseguiu rapidamente o apoio dos principais partidos derrotados. O PPS do ex-governador Antônio Britto declarou apoio ao peemedebista, seguido pelo PPB do candidato também derrotado Celso Bernardi. Além disso ganhou no PDT, antigo parceiro do PT gaúcho, um forte aliado. Apesar do partido de Leonel Brizola ter optado pelo apoio ao petista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, no Estado, os filiados foram liberados para escolherem seu candidatos. Devido ao ódio ao PT, originário das divergências políticas durante o atual governo de Olívio Dutra (PT), a grande maioria dos pedetista ficou do lado de Rigotto.

Os 21 dias de campanha para o segundo turno de Rigotto foram marcados pela intensa busca de apoios em partidos, sindicatos, entidades de classe e até mesmo em igrejas. Enquanto o PMDB desenhava sua vitória, o PT de Tarso Genro tentava reverter a situação. Umas das estratégias do partido foi ligar Tarso ao carisma de Lula, que em todas as visitas ao Estado sempre foi aclamado como herói.

Em sua campanha, o ex-prefeito de Porto Alegre teve que responder pelos erros do atual governo, além de arcar com as consequências de questões polêmicas como a destruição do relógio dos 500 anos, a saída da montadora Ford de Guaíba, as invasões de propriedades e a CPI da Segurança Pública. Tarso foi muito discreto na tentativa de defender o atual adminsitração e ressaltar os pontos positivos do governo, o que acabou prejudicando sua campanha.

O PT tentou atingir Rigotto mostrando os votos polêmicos do candidato quando era deputado federal, como o da aposentadoria por tempo de serviço. Em todos os debates, Tarso sempre acusou Rigotto de ter votado contra os trabalhadores. Relacionar a imagem de Rigotto ao do presidenciável governista José Serra (PSDB) também foi outra estratégia, mas não surtiu pouco efeito, pois o peemdebista, apesar de declarar apoio a Serra e fazer campanha junto com ele, sempre manteve distanciamento do quadro político nacional.

Para aumentar ainda mais o desgaste petista, Tarso ainda enfrentou a perda de um dos cerébros de sua campanha: José Eduardo Utzig, falecido no dia 8 de outubro devido a um enfarte. Coordenador de campanha e amigo de Tarso, Utzig era um dos mentores do ex-prefeito para chegar ao Piratini.

Desgastado internamente pelas disputas internas, que ficaram evidentes ainda na definição do candidato ao governo, o PT sofre uma das maiores derrotas da história, perdendo a disputa num Estado considerado um dos principais focos petista do país. Resta ao PT gaúcho comemorar a vitória de Lula como presidente e se reorganizar para as eleições municipais de 2004.

A alternância de poder é uma das marcas do Estado. Desde 1945, nenhum partido conseguiu se reeleger ao Piratini. A regra não foi diferente nesta eleição. Esta foi a terceira vez que o segundo turno foi marcado pelo embate entre PT e PMDB. A primeira disputa foi em 1994, quando Antônio Britto (então PMDB) venceu o ex-prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra (PT), por 52,21% a 47,79%. Em 1998, foi a vez de Olívio vencer o então governador Britto, que concorria à reeleição. A disputa entre Britto (PMDB) e Olívio (PT) em 98 foi acirrada no segundo turno, com o PT de Olívio vencendo o PMDB de Britto por 50,78% % a 49,22%%, uma diferença de 87.366 votos.

Neste ano, a disputa não foi tão apertada, o que deve levar o Partido dos Trabalhadores a uma reflexão de sua situação no Estado. Desde o início do segundo turno, pesquisas eleitorais indicavam vitória de Rigotto com uma larga vantagem. A diferença final entre os dois ficou em 5,34%, 319.261 votos a mais para Rigotto – pouco mais que os 2.757.401 que garantiram a vitória petista em 1998.

Neste dia 27 de outubro, os peemedebistas saíram duplamente vitoriosos das eleições. Enfraquecido depois de um racha interno que culminou com a saída de nomes importantes do partido, entre eles o ex-governador Antônio Britto, o PMDB não só conseguiu vencer o PT, principal rival, mas também recuperou sua força política no Estado.

Acompanhe todos os números da apuração no especial Eleições 2002.

Julio Cordeiro  / ZH


Foto:  Julio Cordeiro  /  ZH


 
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