Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 57 anos, e José Serra (PSDB), de 60 anos, irão disputar o segundo turno das eleições presidenciais, marcado para 27 de outubro. A confirmação ocorreu próximo às 6h25min desta segunda-feira, 7 de outubro, quando o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) totalizou a contagem de 96,53% dos votos, ou 111.272.156.

O candidato petista aparece com 38.113.453 votos válidos, ou 46,51%. O tucano tem 19.084.767 votos, 23,39%. Ambos estão matematicamente eleitos para o segundo turno, já que nenhum outro candidato pode alcançá-los. O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), está na terceira posição, com 17,64%, e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PPS), em quarto lugar, com 12,02% dos votos válidos. José Maria (PSTU) ocupa a quinta posição, com 0,47% e Rui Costa Pimenta (PCO) está em último, com 0,05%.

Durante toda a campanha, Lula esteve à frente das pesquisas de intenção de voto. Serra garantiu o segundo turno depois de ser ameaçado primeiro por Ciro e, já nas últimas semanas, por Garotinho, segundo pesquisas que apontavam o crescimento do candidato do PSB. Programas eleitorais gratuitos dos tucanos contra o ex-governador cearense parecem ter dado resultado positivo para Serra. Em poucos dias, o postulante do PPS saiu de um confortável segundo lugar para ficar isolado em quarto na disputa. Garotinho não chegou a ultrapassar Serra, apesar de ter ficado bem próximo, e não teve o impulso esperado na reta final. Lula, apoiado pelo especialista em marketing político Duda Mendonça, nunca teve o primeiro lugar ameaçado.

Agora, a disputa se dá entre o candidato símbolo da esquerda brasileira e o governista. Mas Serra não demonstrou a mesma força de FH, que já derrotou Lula em duas corridas presidenciais ainda no primeiro turno. Em 1994, o tucano conquistou 54,27% ante 27,04% do candidato do PT, embalado pelo sucesso do Plano Real. Em 1998, na disputa pela reeleição, FH era apontado como o presidente que havia resgatado a estabilidade financeira no Brasil. Venceu a união das esquerdas liderada por Lula, desta vez com 53,06% dos votos válidos. A coligação União do Povo – Muda Brasil ficou com 31,71%. Na sua chapa em 1998, Lula contava com Brizola como vice. Em 2002, a aliança é com José Alencar (PL), empresário do setor têxtil de Minas Gerais. O candidato ainda tem o apoio de dois ex-presidentes, Itamar Franco, atual governador mineiro, e o senador José Sarney.

Serra está coligado com o PMDB, e tem como vice a capixaba Rita Camata. Os dois candidatos terão de conquistar novas alianças a fim de garantir a vitória no segundo turno, considerado uma nova eleição. Serra é apontado como o preferido do mercado financeiro. Turbulências registradas nos últimos meses, e evidenciadas pela alta do dólar – que já se valorizou 35,93% ante o real até a última sexta – foram atribuídas à possibilidade de vitória de Lula. Apesar de a equipe econômica do governo afirmar por mais de uma vez que o câmbio era exagerado e que a transição de governo não representará perigo, o candidato petista é temido. Mas mesmo setores empresariais e empresários já anunciaram apoio a Lula, como o presidente nacional da Gradiente, Eugênio Staub.

Esta é a segunda vez que Lula chega a uma disputa em segundo turno. Na primeira, o líder da esquerda perdeu para Fernando Collor de Mello (então do PRN), em 1989. Era a primeira vez que disputava a corrida ao Palácio do Planalto. Nas outras vezes, em 1994 e 1998, foi derrotado ainda em primeiro turno por FH.

Lula e Serra têm experiências diferentes. O petista, natural de Pernambuco, despontou na década de 1970 como líder sindical em São Bernardo do Campo (SP), cidade berço do PT. Foi nesta época que Serra voltava ao Brasil, depois de um exílio que o levou ao Chile. Em 1986, ambos foram eleitos deputados federais e participaram da formulação da Constituição. Em seguida Lula iria concorrer à Presidência, na eleição vencida por Collor, e, em 1993, partiria para a Caravana da Cidadania, projeto que levou o petista a diversas cidades do país e reforçou a figura de líder do partido. A liderança o empurrou para outras duas disputadas presidenciais, em 1994 e 1998, ambas vencidas ainda no primeiro turno por FH. Atualmente, ele é o presidente de honra do PT.

Serra partiu para a vida pública. Em 1988, disputou a prefeitura de São Paulo, garantindo o quarto lugar. Dois anos mais tarde, foi reeleito para a Câmara. Em 1994, foi eleito senador. No ano seguinte, assumiu o Ministério do Planejamento, que deixou para tentar novamente a prefeitura paulista, conquistando o terceiro lugar. Em 1998 assumiu o Ministério da Saúde, pasta que deixou apenas neste ano para concorrer à Presidência.

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