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 | 26/08/2002 08h28min

Câmbio afeta resultados no Estado

Os balanços das empresas gaúchas confirmam as perdas provocadas pela disparada do dólar no primeiro semestre. Poucas passaram ilesas pela crise cambial. A maioria registrou prejuízo ou lucro menor, devido ao crescimento das dívidas em moeda estrangeira. A boa notícia é que as perdas poderão ser revertidas se a cotação cair até o final do ano.

Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers mostra que o crescimento das dívidas atreladas ao dólar foi a principal causa do prejuízo de R$ 535 milhões acumulado por 15 empresas gaúchas no primeiro semestre. Conforme o sócio sênior da PricewaterhouseCoopers Carlos Biedermann, o endividamento em dólar afetou mais duramente as empresas dos setores petroquímico e de energia.

– A variação cambial é a causa do crescimento das dívidas em dólar, simplesmente porque as empresas têm de atualizar esses valores – afirma Biedermann.

O aumento da dívida não significa, contudo, que as companhias gaúchas terão problemas para renovar seus empréstimos, diz Biedemann. Como o prejuízo, em alguns casos, é apenas escritural, a trajetória será normalmente revertida com a eventual queda das cotações no câmbio. Esse movimento já ocorreu em 2001, observa o consultor, quando o preço do dólar caiu em relação ao começo daquele ano.

O levantamento, que inclui os maiores grupos com origem no Estado, revela que o lucro bruto sobre o faturamento cresceu 22%, ressalta Biedermann. Os destaques positivos são Grupo Gerdau (lucro de R$ 296,4 milhões), Banrisul (R$ 55,3 milhões), Azaléia e Ipiranga Distribuidora, ambas com resultados positivos na faixa de R$ 26 milhões. As empresas da área de petroquímica e de refino do grupo Ipiranga sentiram a elevação de custos provocada pela alta do petróleo.

Enquanto a distribuidora, que fechou o semestre no azul, pôde repassar o aumento, a refinaria, que compra o petróleo ao preço do dia, não pôde fazer o repasse para seus próprios preços, em reais, explica o diretor técnico da Diferencial Corretora, Zulmir Tres. Os resultados registrados na área de refino acusam também as perdas da Copesul, da qual a Ipiranga é uma das controladoras. A central de matérias-primas do pólo de Triunfo está entre as que sofreram o impacto da alta dos preços internacionais da nafta, vinculados ao petróleo e que respondem por 70% dos custos da empresa.

A partir da análise dos balanços das empresas gaúchas disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Arnaldo Kurayama, sócio da consultoria Ernst & Young, diz que os prejuízos com a disparada do câmbio podem ser observados na comparação com outros indicadores. Ele observa que a média das empresas produziu e vendeu mais no primeiro semestre. Mesmo assim, a dívida resultante de empréstimos no Exterior predominou, determinando resultados negativos ou menores do que os registrados no primeiro semestre do ano anterior.

A Avipal, do setor de aves, teve lucro líquido de R$ 8,9 milhões até junho, 40% menos do que em igual período de 2001, informa a Diferencial. A variação nos preços de seus dois principais insumos – milho e soja – é afetada pelo câmbio. Além disso, o preço do frango caiu no mercado interno, devido à superoferta. A queda nas exportações para a Argentina fez as principais empresas do setor destinarem ao consumo doméstico.

LÚCIA RITZEL

 
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