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 | 19/08/2002 15h52min

Garotinho deixa encontro com FH e critica acordo com FMI

Após o encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o candidato à presidência da República pelo PSB, Anthony Garotinho, deixou o Palácio do Planalto, em Brasília, sem falar com a imprensa. Ele apenas distribuiu uma nota sobre o acordo firmado entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Alca.

- Por que se tornou tão imperioso e inevitável ir ao FMI e contrair novo empréstimo, aumentar nossa dívida e aprofundar nossa vulnerabilidade externa? - indagou o candidato.

Para ele, esta ação revela o "fracasso de uma política econômica teimosa". Garotinho também afirmou que o governo e a imprensa não estariam debatendo o acordo nem os termos das negociações com o FMI.

- Está em curso uma tentativa de desmoralizar o processo eleitoral, desfigurar a democracia representativa e frustrar o eleitorado brasileiro. - disse ele - O povo vota para mudar, mas o governo continua o mesmo.

O atual governo foi classificado como "derrotado". De acordo com o candidato, a manobra com o FMI tentou atacar o "futuro governo da oposição". A medida seria uma forma de impor ao próximo presidente as amarras de uma política monetária, monitorada de fora pelo FMI e pela banca internacional.

A assessoria do candidato informou que Garotinho vai conceder entrevista coletiva às 17h.

Leia a íntegra da nota de Garotinho:

"Ameaçado de retornar à condição de colônia, o Brasil precisa declarar sua segunda independência

1. A questão central, que o governo não discute e a imprensa não debate, não é o acordo em si, nem os termos das negociações com o FMI, mas sua necessidade. Por que se tornou tão imperioso, e inevitável, ir ao FMI e contrair novo empréstimo, aumentar nossa dívida e aprofundar nossa vulnerabilidade externa? Que economia é essa que não consegue fechar seu balanço? Por que comemorar o empréstimo se ele é revelador do fracasso de uma política econômica teimosa que nos aflige há mais de oito anos? Por quê comemorar um empréstimo que nos torna mais pobre e mais dependentes?

2. Há uma questão que precisa ser esclarecida. Está em curso uma tentativa de desmoralizar o processo eleitoral, desfigurar a democracia representativa e frustrar o eleitorado brasileiro. O povo vota para mudar, mas o governo continua o mesmo. O povo quer a mudança: cerca de 80% dos eleitores brasileiros já se manifestaram contra esse governo e essa política. Mas o governo, derrotado, quer sobreviver no futuro governo da oposição, impondo ao próximo presidente as amarras de sua política monetária, monitorada de fora pelo FMI e pela banca internacional. Deixamos claro: o Partido Socialista Brasileiro e seu candidato não têm compromissos com essa política. Nós a combatemos.

3 . Lamentamos a trágica necessidade do empréstimo e afirmamos que não aceitaremos nenhuma medida que implique aumentar o sofrimento do povo brasileiro. Nada que ponha em risco nossas metas de crescimento econômico. Nada que impeça o reinvestimento das estatais brasileiras, nada que nos obrigue a novas privatizações. Igualmente não aceitamos condicionantes com relação ao Alca, que não atende aos interesses brasileiros nos termos em que está colocado. Rejeitamos qualquer ameaça à nossa soberania, ou ao direito de nosso povo e de nosso país à autodeterminação.

4. Nenhum acordo firmado pela atual administração, em decorrência de sua desastrosa política econômica, pode comprometer o futuro governo, se o povo brasileiro escolher um candidato de oposição.

5. Um acordo da magnitude desse firmado com o FMI, que pode comprometer a futura administração do país, não deveria ser uma caixa-preta negociada intramuros em Washington por meia dúzia de burocratas brasileiros. É tal a sua importância, e tão profundas as conseqüências na vida de nosso povo, que deveria ser submetido ao Congresso Nacional e discutido amplamente com a sociedade brasileira antes de assinado, pois, no final das contas, serão os trabalhadores, a classe média, os pequenos produtores que irão pagar a conta. Em 2003 os burocratas de hoje terão voltado para os Estados Unidos, muitos deles para trabalhar no Banco Mundial e outros no próprio FMI, e os bancos aumentarão seus lucros.

6. Quero fazer um apelo, de público, aos demais candidatos de oposição e à imprensa brasileira: não permitamos que o grande debate sobre os problemas nacionais e nossas propostas seja substituído pela pauta que o FMI e o BC nos querem impor. Fujamos dessa armadilha e utilizemos o tempo que nos resta de campanha para promover a discussão que interessa ao nosso povo: como voltar a crescer, como criar empregos, como acabar com os desníveis regionais, como acabar com a violência, como derrotar a pobreza e a fome, como acabar com a dependência externa.

7. Lamentavelmente, a previsão do professor Hélio Jaguaribe, de que o Brasil, mantida essa política, poderá tornar-se, em 20 anos, uma província dos Estados Unidos, está se precipitando. Se não reagirmos _e só o povo poderá reagir, e as eleições de outubro são o grande momento_, brevemente nos transformaremos em colônia do capital especulativo internacional.

Brasília, 19 de agosto de 2002
Anthony Garotinho,
Candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à Presidência da República"

Mais informações sobre candidatos, partidos, pesquisas, regras e números eleitorais no especial Eleições 2002.

 
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