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Ciro recebe carta branca para negociar apoio do PFL

Em mais de quatro horas de reunião, os dirigentes dos partidos da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB) isolaram o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE) e o afastaram do comando da campanha de Ciro Gomes. O senador é o único líder da frente que vem se opondo a um possível apoio do PFL a Ciro. Com a criação de um conselho político para deliberar sobre coligações, ficou decidido que, a partir de agora, Ciro é o único que tem autorização para falar em nome dos três partidos.

A sugestão partiu do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, que fez uma defesa aberta da aliança com os pefelistas durante a reunião do comando político da campanha de Ciro, realizada ontem, dia 16, em Brasília. Numa discussão acalorada, Brizola questionou duramente o veto de Freire.

– Não aceito mais que Freire fale pela Frente Trabalhista. Cada um fala por seu partido, mas só Ciro fala pela Frente – avisou Brizola.

No mesmo tom, o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), disse que seu partido se sentia atingido pelos ataques de Freire ao PFL. Ele lembrou que o PTB é um partido de centro, que tem até mais identidade com o PFL do que com o PPS.

– Não abro mão de minha biografia – insistiu Freire.

Brizola reagiu:

– E eu não tenho biografia a zelar? Faça uma análise da História. O PSD, que era muito mais à direita, fisiológico e oligárquico do que o PFL recebeu o apoio de João Goulart na eleição de Juscelino (Kubitschek), que governou sem reprimir nenhuma greve, sem intervir em sindicatos e sem se curvar ao Fundo Monetário Internacional. Agora são os progressistas que recebem o apoio dos conservadores.

Preocupado em não perder o controle da situação, Ciro pediu calma aos aliados e lembrou que atuaria como um juiz, em defesa do interesse comum. Mas Brizola prosseguiu:

– Freire, a direita do PFL pode até ser anti-social, mas não é antinacional. Esses homens do PFL são capazes de pegar em armas para defender o país. Não duvido que o Inocêncio (deputado Inocêncio Oliveira) seria capaz de vender sua fazenda para ajudar numa luta em favor do Brasil, o que não acontece com esses tucanos, todos comprometidos com o interesse do capital internacional.

Ciro deixou claro ontem que não vai desprezar um eventual apoio dos pefelistas a sua candidatura. Com carta branca dos aliados, Ciro disse que, até o momento, a cúpula do PFL não fez proposta formal de acordo com a frente de PPS, PDT e PTB.

– É evidente que um candidato que se prepara para governar o país tem de estar aberto para conversar com forças que, sendo diferentes das nossas, se interessem em discutir nosso programa e nosso rumo – disse.

Segundo Ciro Gomes, o que há em relação a uma eventual aliança com o PFL são “boatos” e “especulações”. Ao mesmo tempo que Freire perde poder, Ciro tenta manter sob controle os presidentes do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), e do PDT. Os presidentes dos três partidos integram o conselho político da frente. Opiniões divergentes vinham causando constrangimento político ao candidato. Setores do PPS temem que Martinez assuma a negociação com o PFL usando métodos fisiológicos, como o partido fazia na época em que integrava a base governista.

 
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