Além do respaldo do grupo e do apoio da direção, Tite teve mais uma boa notícia em seu primeiro dia de trabalho como novo treinador do Inter. Não bastasse a chegada do lateral-direito Ângelo, que veio do Paraná, ele deve receber mais três reforços: dois meias e um ala- esquerdo.

Depois de ter a contratação acertada até o final do ano e almoçar na Churrascaria Montana Grill, Tite entrou pela primeira vez no vestiário do Beira-Rio como técnico do Inter por volta das 14h15min. Chegou acompanhado do assessor de futebol Fernando Carvalho, do auxiliar técnico Cléber Xavier e do empresário Gilmar Veloz. Enquanto era apresentado para funcionários, o preparador físico Eduardo Silva acenava para a imprensa em despedida. Ninguém sabia, mas Dudu, como é conhecido, estava de saída - uma decisão da direção, não da nova comissão técnica. Provavelmente irá para o Al-Jazira junto com Abel Braga.

Aos poucos, a movimentação no pátio do estádio aumentava. Não apenas com repórteres, mas com cerca de 40 conselheiros que acompanhariam a apresentação do novo técnico. Sentados no chão do vestiário, os jogadores foram cumprimentados um a um por Tite às 15h29min. Depois, o presidente Vitorio Piffero pediu a palavra para saudar a chegada de Tite e ressaltar o retorno de Carvalho ao futebol. Do novo comandante, o grupo ouviu uma mini-palestra onde a palavra "orgulho" e a expressão "retomada de confiança" foram as mais usadas.

— A confiança é de vocês, a exigência de cada um fazer o seu melhor para retomar o caminho do Internacional. Estou muito orgulho disso — bradou no final do discurso.

No gramado suplementar, assistido por conselheiros, direção, funcionários e mais de 200 torcedores, Tite realizou um coletivo de 40 minutos onde distribuiu muitas orientações. Exigiu posse de bola e apoio dos laterais. Falou um "arrrrasta (famoso bordão), Marcão", ordenando o jogador a chegar até a linha de fundo. Também pediu para os meio-campistas procurarem sempre que possível a dupla de ataque:

— Põe o Fernandão e o Nilmar para jogar. Eles sempre vão estar com marcação nas costas. Apareceu põe para jogar.

Mas a maior insistência foi mesmo em relação à marcação sob pressão na saída de bola do adversário. Quem desistia do lance era repreendido. Em um momento, Andrezinho apertou Orozco e aliviou a corrida quando a bola foi recuada para Clemer. O treinador gritou:

— Até o fim! Sério! Vai a morrer!

Tite deu sinais de que poderá lançar os garotos da base nas próximas rodadas. Walter atuou entre os reservas e Taison teve boa participação entre os titulares, quando substituiu Andrezinho. Entre os jogadores, a impressão do primeiro dia de trabalho foi excelente.

— Ele tem um entendimento muito bom de tática. Conversou, parou, pediu no primeiro treino. Isso é importante para o jogador estar consciente do que tem de fazer, da aproximação, diminuição do espaço. Foi um trabalho muito bom, participativo — analisou Fernandão.

Tite não prometeu mudanças milagrosas na tática da equipe para o jogo de amanhã, às 16h, contra o Botafogo. Mas deixou claro o que pretende com os treinos de ontem e hoje pela manhã:

— Dar a confiança de que eles podem errar, mas tentem.

Quem vem com Tite

O preparador físico indicado por Tite é Ricardo Rosa, que trabalhou com o técnico no Corinthians e no Al-Ain. Rosa ficou até julho de 2007 no clube paulista, quando aceitou o convite de Tite para integrar a comissão técnica nos Emirados Árabes. Depois da demissão da comissão técnica pelos xeques, o preparador ficou ainda mais um mês no clube. Saiu de lá direto para a Inglaterra, onde faz curso de especialização. A sua contratação deve ser fechada nos próximos dias.

Por enquanto, quem cuida do fôlego dos jogadores é o coordenador de preparação, Élio Carraveta, e o auxiliar Flávio Soares, o Galo.

O auxiliar técnico de Tite será Cléber Xavier, seu parceiro desde a passagem pelo Grêmio, entre 2001 e 2003. O Beira-Rio não é estranho para Cléber. Foi lá que começou a carreira, em 1988. Ainda estudante de educação física, fez estágio nas escolinhas do Inter. Só deixou o clube oito anos depois, já como técnico dos juvenis. Passaram pelas suas mãos jogadores como Caíco, Claiton, Vinícius e Odair, que ontem visitou o Beira-Rio depois de uma temporada em Hong Kong.

Marcão
"Só a chegada dele deu uma motivação no grupo. E tenho certeza que essa motivação será válida para o jogo"

Fernandão
"É um vencedor, muito bom de tática. Colocou isto em prática no treino, conversou. Isso é importante para o jogador estar em campo consciente do que fazer"

Magrão
"Ele já chegou corrigindo algumas coisas. O mais importante é a retomada da confiança"

Alex
"A primeira impressão é muito boa, desde que cogitaram o nome dele"

Gil
"Ele é muito forte na parte emocional, passa isso para os jogadores"