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 | 13/06/2008 04h03min

Presidente campeão mundial, Fernando Carvalho retorna ao Inter

Missão é colaborar no futebol e resolver crise na direção

Leandro Behs  |  leandro.behs@zerohora.com.br

Bem mais que a contratação de Tite, o reforço que remobilizou o Inter chama-se Fernando Carvalho. Desde quinta-feira, o presidente campeão do mundo está instalado no departamento de futebol, no cargo de assessor. Será a cara do clube outra vez.



Carvalho retornou ao Beira-Rio para encerrar a crise e servir de ponte entre Vitorio Piffero e o vice de futebol Giovanni Luigi, cujas relações se estremeceram numa disputa aberta pela indicação do substituto de Abel Braga. O próprio Luigi pediu a volta do ex-presidente ao dia-a-dia do clube. Será uma forma de apaziguar as relações e reforçar o vestiário. Com Carvalho, Luigi fica fortalecido, e Tite inicia o trabalho bem apadrinhado.

A confirmação de Tite marcou a vitória de Luigi nos bastidores. O preferido de Piffero seria Nelsinho Baptista. A derrota para a Portuguesa no domingo deflagrou movimentos e o início da costura política. Foram dezenas de telefonemas, os primeiros quando a delegação ainda estava no Canindé.

O resultado e a indefinição sobre o técnico transformaram o telefone celular de Carvalho em espécie de Muro das Lamentações. Dirigentes do primeiro escalão dos movimentos políticos de situação (Inter Grande, Ação Independente, União Colorada e Coração Colorado) cobravam a presença do ex-presidente junto a Luigi.

Através do empresário Gilmar Veloz, Tite havia sido contatado. Ao tomarem conhecimento, jogadores procuraram informações com os ex-companheiros Tinga e Rubens Cardoso, comandados pelo técnico no Olímpico. Ouviram boas referências. Os conselheiros também fechavam questão neste nome, mas esbarravam em Piffero.

— Por que a demora em trazer o Tite? Ele é o único que une disponibilidade, competência e prestígio — defendeu um influente conselheiro.

Piffero mantinha esperança em contar com Muricy Ramalho. O técnico exigia do São Paulo prorrogação do contrato até o final de 2009, além de multa em caso de demissão. Conseguiu, e o plano B virou Nelsinho.

Tite estaria riscado da lista presidencial pelo "passado gremista". Luigi desembarcou na terça-feira orientado a negociar com ele. Cumpriu a tarefa, mas Piffero voltou atrás e vetou. O vice desabafou em entrevistas e apelou a Carvalho.

— O Fernando (Carvalho) sempre foi um consultor do futebol. Mas, nesses últimos dias, pedi que ele viesse me dar uma força — admitiu Luigi.

Ainda na terça-feira, Carvalho contatou Piffero, em Buenos Aires para o sorteio da Copa Sul-Americana. Estava empenhado em fazê-lo aceitar Tite. O presidente parecia irredutível. Em seu apartamento no bairro Praia de Belas, o técnico aguardava a definição.

Piffero permaneceu em Buenos Aires até o fim da tarde de quarta-feira. Quando chegou a Porto Alegre, o aguardavam em sua casa Carvalho, Luigi, o diretor de futebol Sílvio Silveira, Tite e Veloz. Uma reunião de quatro horas, que terminou à 0h30min de ontem, encaminhou a contratação do técnico e o retorno de Carvalho.

Luigi saiu da casa de Piffero com expressão séria. Tite pegou carona na BMW X5 de Veloz até sua casa. À 1h, se desculpou com os jornalistas na porta do seu prédio e se recolheu. Os últimos detalhes da negociação foram ajustados na manhã de ontem, no escritório de Piffero, na Cidade Baixa. Ficou definido que o contrato de Tite será de seis meses. A permanência está vinculada à conquista do título ou da vaga na Libertadores. Junto virá um significativo aumento salarial.

O desfecho da contratação foi comemorado com almoço na churrascaria Montana Grill, no Parque Gigante. Representou a vitória de Luigi e a derrota política de Piffero. Tite, Carvalho e o auxiliar Cléber Xavier chegaram na BMW de Veloz. Piffero já os aguardava no restaurante. Em seguida, Luigi se uniu ao grupo. Desembarcou do seu Honda Civic prateado e brincou com os repórteres. Sorria e exibia alívio.

— Graças a Deus, deu tudo certo — suspirou.

Uma hora depois, por volta das 14h, todos deixaram o local sorridentes. Menos Piffero. O presidente saiu dois minutos depois dos demais, com fisionomia fechada. Às 15h, pouco antes da apresentação de Tite aos jogadores, já exibia um sorriso. Mais tarde, negou interesse em Nelsinho e garantiu que jamais vetou Tite por ser "gremista".

— Viramos o mundo, mas, no final, entendemos que o Tite era o técnico da nossa preferência — afirmou.

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