| 03/04/2008 06h50min
Ninguém quer ver o mal de um companheiro, mas o surto de hepatite A no Inter acabou abrindo espaço para jovens que imaginavam esperar um pouco mais por uma chance entre os profissionais. Os goleiros Agenor e Alisson são caras novas beneficiadas pela doença que mexeu com a rotina do clube desde a semana passada.
VÍDEO: Agenor, Alisson e Sandro falam sobre a chance
Claro que nenhum deve começar a partida contra a Ulbra, sábado, às 16h, no Beira-Rio, entre os titulares. Clemer é o dono da camisa 1 com a ausência de Renan. Nada que desanime os garotos, felizes com a simples oportunidade de serem relacionados entre os reservas.
— Não torço pelo mal de ninguém, mas só essa chance de estar no banco já é uma grande vitória — afirmou Agenor.
Destaque da Copa São Paulo de Juniores, o goleiro de 18 anos dividia o posto
de terceiro goleiro com Muriel. Com o isolamento de Renan e Muriel devido ao vírus — Edinho, Maycon e Ramon também confirmaram contaminação — , o garoto é o primeiro da fila caso Clemer não possa atuar. Os fatos aconteceram tão rapidamente que Agenor nem avisou a família, que soube da novidade pela imprensa.
— Não esperava que fosse ser tão de repente assim. Agora é encarar com naturalidade e tirar bom proveito disso tudo — projetou.
Alisson é irmão de Muriel, que se recupera da doença
Mais surpreso ainda está Alisson, apenas 15 anos, irmão de Muriel. Desde dezembro ele vinha treinando com os goleiros profissionais para adquirir experiência. Está fora do Gauchão juvenil porque foi convocado para treinar junto à seleção sub-16 no início da temporada. Quanto retornou à Capital, não pôde ser inscrito no Estadual. Desde 2001 no Inter, vive uma fase de sentimentos dúbios: felicidade pela chance e tristeza
pelo irmão, um dos afetados pela enfermidade.
Apesar da pouca idade, tem discurso confiante.
— Nervosismo sempre vai ter. Trabalhei para chegar ao profissional e jogar. Tenho muito que a aprender para chegar no nível dos outros goleiros, mas estou pronto para qualquer coisa — garantiu.
Ilo Roxo, preparador de goleiros, abona as declarações. Além do treino técnico, ele e o filho, o auxiliar de preparação Giuliano, procuram dar um suporte psicológico aos atletas promovidos da base. Por isso ele não titubeia ao ser questionado se Agenor e Muriel estão preparados para encarar uma partida oficial pelo Gauchão ou pela Copa do Brasil:
— O trabalho é direcionado para isso. Fazemos muitos treinos específicos e simulações de jogo para, quando acontecer, eles possam desempenhar da melhor maneira possível, sem comprometer equipe, clube e a si próprios.
Alisson (E, 15 anos) e Agenor (18 anos) ficaram chateados com o surto de hepatite dos companheiros, mas agora querem aproveitar bem a oportunidade
Foto:
Ricardo Duarte
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