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 | 14/03/2008 08h39min

Goleada em Caxias expõe trauma colorado diante do Juventude

Desde 1998, foram 48 jogos e 16 vitórias para cada lado

Leandro Behs  |  leandro.behs@zerohora.com.br

Embora ninguém no Inter admita, o Juventude virou espécie de fantasma escondido no vestiário do Beira-Rio. Na quinta-feira, dia seguinte aos 3 a 0 no Centenário, os colorados procuravam aparentar otimismo. Mas ficou claro que o Juventude atormenta a vida do Inter. Mesmo com os caxienses na Série B, os caminhos dos dois times podem se cruzar logo ali, no Gauchão e na Copa do Brasil.

O Inter reconhece, em atitudes, a sina de tropeçar no Juventude. Durante a semana, tratou o jogo do Centenário como clássico. O confronto ganhou esse status a partir de 1998, quando o Juventude festejou o Gauchão no Beira-Rio e quebrou série de 59 anos sem títulos do Interior.

No ano seguinte, os caxienses voltariam a provocar estragos ao fazer 4 a 0 no Beira-Rio e passar à final da Copa do Brasil - seriam campeões contra o Botafogo.

Desde 1998, foram 43 jogos e equilíbrio absoluto: 16 vitórias para cada e 11 empates. No ano passado, o Inter colaborou no rebaixamento do Juventude, ao fazer 3 a 0 no Beira-Rio.

Os confrontos equilibrados e sempre guerreados criaram misto de desconfiança e trauma nos colorados. Uma mística touca verde ganhou espaço na rivalidade.

Os colorados alegam que o Juventude potencializa sua força contra o Inter. O motivador Evandro Mota, integrante da comissão técnica nas conquistas da Libertadores e do Mundial, admite que sempre deu peso de clássico ao jogo. A mobilização só era maior em Gre-Nais.

– Até citava a touca algumas vezes, para motivá-los, mas em ocasiões especiais – contou Mota, que agora trabalha para Goiás e Guaratinguetá-SP.

Segundo a psiquiatra Nina Furtado, a metamorfose está no subconsciente dos dois times. Enquanto o Inter encolhe, o Juventude cresce.

– Quando você é constantemente derrotado por um adversário, acaba entrando tenso, ansioso, para um próximo confronto. É um trauma que se repete, sempre reforçando o anterior. O Inter atribui poderes mágicos ao Juventude, que é traduzido através da touca. O adversário utiliza isso para se agigantar – explicou Nina.

O goleiro André passou pelos dois lados com êxito. Jogou no Inter até 1999, voltou entre 2004 e 2005 e encerrou a carreira no ano passado no Juventude, com 35 anos. Ele acredita que o trauma é folclore do futebol. Assim como Wellington Monteiro (que nos tempos de Alfredo Jaconi recebeu prêmio triplicado para vencer o Inter), André usa a competência para explicar as vitórias do Juventude sobre o Inter.

– Os jogadores não são afetados pelo "fator touca". O Juventude não tem a mesma responsabilidade do Inter para ganhar. Não há a mesma cobrança externa. Vai da grandeza de cada um – argumentou o ex-goleiro.

O que contraria o desabafo do técnico Abel Braga ao final do jogo de quarta-feira. Sob a arquibancada do Centenário, ouvindo xingamentos de um torcedor, ele desabafou:

– Não é supervalorizar a partida, mas o Juventude não joga assim contra o Grêmio.

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