A entrevista coletiva de Abel Braga após o empate em 1 a 1 contra o Sport, no Beira-Rio, nesta tarde, foi diferente. E não poderia ser de outra maneira. Ao invés de falar sobre a escalação de Ramon e Adriano, a substituição de Nilmar por Iarley e a falta de criatividade no meio-campo, as perguntas foram em relação a possível saída de Abel do comando técnico do clube.

— Não tem nada. Quando surgir uma proposta para mim vocês (imprensa) e a diretoria vão saber — disse Abel.

O treinador acabou com as especulações sobre possívels propostas. Disse que recebeu duas sondagens de clubes do Catar. Mas, como os valores apresentados não foram compatíveis com o que ele acredita ser necessário para tirá-lo do Inter, uma contra-proposta foi feita.

— Eu disse: só vou por 'x'. E não veio nada. Meu futuro hoje é o Internacional. Eu tenho um acordo com essa diretoria. Eles sabem: se me der em euro vale a pena largar o Inter. O Flamengo me procurou. O Bebeto (do Botafogo)me procurou. Para clubes do Brasil eu não largo esse clube. Muitos aí trocam de clube como trocam de camisa. Só assino quando está tudo no preto no branco, com tudo o que eu tenho direito: carro, passagem de primeira classe, valores... porque, se ele mentir para mim e depois disser não, eu vou na Fifa. Ano passado eu saí daqui para ir pro Mônaco, mas daí preferiram o Ricardo Lopes. tudo porque eu não tinha assinado — lembrou Abel.

— Eu prometi para minha mulher e pros meus filhos que eu pararia com 55. Daí, com 53, ganhamos o Mundial e a Libertadores. Aí começou a entrar um dinheiro legal. Minha idéia é chegar a 60 anos. É o máximo (para se aposentar). Amanhã eu quero caminhar, bater uma peladinha, mas meu joelho está cada vez pior. Não posso deixar para muito tarde, não. Mas minha preocupação é com essa gurizada aqui — concluiu, apontando para o goleiro Renan, destaque da partida, que estava sentado a seu lado.