| 21/12/2007 17h42min
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, disse nesta sexta-feira que acredita na libertação de três dos reféns da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que anunciou que os colocariam em liberdade "como desagravo" ao líder da Venezuela, Hugo Chávez, intermediador do caso.
As Farc confirmaram que libertarão a ex-candidata à Vice-Presidência Clara Rojas, o filho dela com mais de três anos que teve com um guerrilheiro e a ex-congressista Consuelo González de Perdomo.
— Estamos, na véspera do dia do Natal, na expectativa de que libertem os seqüestrados. Tomara, tomara isso aconteça. É o que desejamos — declarou Uribe durante a entrega de doações a militares feridos em combate.
O anúncio de libertação, divulgado há dois dias pelas Farc, mantém os familiares na expectativa, que planejam viajar para a Venezuela por presumir que ali os seqüestrados serão entregues.
Nas últimas horas o grupo rebelde confirmou em
seu site da internet a libertação "como
desagravo" a Chávez, cuja mediação na busca de um acordo humanitário que permitisse a liberação dos reféns foi cancelada por Uribe em novembro por divergências sobre as negociações.
As Farc têm em seu poder 45 políticos, soldados, policiais e norte-americanos e a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, de nacionalidade francesa, que querem trocar por cerca de 500 guerrilheiros presos.
— Se o grupo terrorista das Farc entregar os seqüestrados ao presidente (Nicolás) Sarkozy (da França) ou ao presidente (Hugo) Chávez (da Venezuela), por quem expressam estes terroristas das Farc consideração, respeito e dizem ter identidade com ele (...), bem-vinda seja essa libertação unilateral e incondicional — disse Uribe.
O jornal El Tiempo de Bogotá divulgou nesta sexta-feira que, segundo fontes ligadas ao ministério de Relações Exteriores venezuelano, o lugar escolhido para a entrega dos três reféns estaria em algum ponto do Estado de Amazonas
(Venezuela), e seria entre 23 e 24 de
dezembro.
No entanto, analistas das negociações com as Farc, como o jornalista Carlos Lozano Guillén, diretor da revista comunista Voz, também colocaram em dúvida esta possibilidade, dada a distância dessa região venezuelana.
Meios de comunicação, tanto da Colômbia como da Venezuela, mencionaram a possibilidade de que os três reféns já estejam na Venezuela, supostamente após atravessar a fronteira por uma região de pouca presença militar entre o departamento colombiano de Arauca e o Estado venezuelano de Apresse.
Inclusive especularam sobre a possibilidade de que também estejam na Venezuela Betancourt, dado seu precário estado de saúde, o ex-congressista Luis Eladio Pérez e os norte-americanos Keith Stansell, Thomas Howes e Marc Gonsalves.
No entanto, o vice-presidente venezuelano, Jorge Rodríguez, qualificou hoje de "falsas" as informações que situaram em território venezuelano os três reféns que as Farc libertará em breve.
— É completamente falso. Isso vai contra a
segurança dos reféns. Peço aos meios de imprensa que tenham comedimento, para resguardar a vida dessas pessoas — disse Rodríguez.
A advogada Clara Rojas, que acaba de completar 44 anos, era a companheira de chapa de Ingrid Betancourt para as eleições de maio de 2002, vencidas por Uribe, que foi reeleito em 2006 para outros quatro anos.
As duas mulheres foram seqüestradas em fevereiro de 2002 nas selvas do departamento (Estado) de Caquetá (sul).
As Farc exigem desmilitarizar dois extensos municípios do departamento de Valle del Cauca (sudoeste colombiano), mas Uribe não o aceita por razões de soberania e segurança.
O presidente colombiano insistiu hoje que seu Governo tem "feito muitos, muitos esforços", para conseguir o acordo humanitário, mas reiterou que não aceita desmilitarizar a região exigida pelas Farc, mas opções como a "zona de encontro" proposta pela Igreja Católica, de 150 quilômetros quadrados e em lugar despovoado.
Em entrevista publicada hoje pelo jornal
El Universal, de Caracas, o alto comissário para a Paz da Colômbia, Luiz Carlos Restrepo, pediu às Farc para concretizar "de maneira imediata" o acordo humanitário.
— O que precisamos é da lista dos presos que desejam que libertemos — disse.
Farc querem trocar reféns, entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, por cerca de 500 guerrilheiros presos
Foto:
EFE
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.