| 05/08/2010 08h28min
As dores que afetam a estrutura da coluna cervical são a quarta causa de procura por consultas médicas na rede municipal de saúde e começam a incomodar os curitibanos a partir dos 13 anos de idade. A informação faz parte do relatório de acompanhamento de 2008 sobre as queixas que mais levaram a população a buscar as unidades da Secretaria Municipal da Saúde.
Como anda a sua postura no seu local de trabalho?
Para fazer frente ao problema, a secretaria oferece o programa Escola de Postura. As "aulas" acontecem nas unidades de saúde ou em locais próximos, para pacientes encaminhados por médicos de cada uma.
A Escola de Postura é uma espécie de oficina de exercícios posturais, com a finalidade de prevenir ou auxiliar a solução das dores e incômodos resultantes do estresse diário sobre a coluna vertebral. Sua proposta se baseia em encontros semanais de 1h para a prática de exercícios de fortalecimento orientados por fisioterapeutas.
Em média, os pacientes estão preparados para cuidar bem da sua coluna após dez sessões. Muitos deles, ao chegar à Escola de Postura, já têm histórico de tratamento fisioterápico em clínicas.
Cenário
Em 2008, as queixas relacionadas à coluna foram a razão de 180 mil das 517 mil consultas médicas realizadas (3,5% do total). O modo repetitivo como cada um se abaixa para pegar um objeto que caiu, fica na ponta dos pés para alcançar livros na estante, senta na frente da TV, carrega o material escolar ou as compras do supermercado ou passa grandes quantidades de roupas são alguns exemplos de práticas aparentemente inofensivas mas que levam também os jovens a manifestar o problema.
Segundo a coordenadora da área de Fisioterapia da Secretaria Municipal da Saúde, Cláudia Schneck de Jesus, a meta da Escola de Postura é fazer com que o público entenda e elimine os fatores que contribuem para o problema, além de aprender e praticar os exercícios em casa. "Assim elas terão um nível muito melhor de qualidade de vida e dependerão cada vez menos de assistência médica, terapias complementares e remédios", diz.
Ortopedistas em Curitiba e Região Metropolitana de Curitiba
Situação
As turmas da Escola de Postura funcionam em 80 unidades de saúde. Os encontros acontecem no Espaço Saúde de cada local ou no caso das mais antigas - que ainda não contam com essa área de múltiplo uso comunitário - nas dependências de clubes ou igrejas próximas. No primeiro semestre, foram 807 atividades frequentadas por 6.619 pessoas.
No grupo orientado pela fisioterapeuta Simone Binder Segala na Vila Lindoia, na Regional Portão, cerca de dez pacientes lotam o salão de eventos da igreja Água da Vida às terças-feiras, das 9h30 às 10h30. O local fica próximo da Unidade de Saúde Fanny-Lindoia, que ainda não dispõe de área para a atividade e fez uma parceria com a organização religiosa para uso do espaço.
É lá que as pacientes passam sessenta minutos se alongando e aprendendo técnicas que precisam ser repetidas em casa para diminuição das dores. Bolas de borracha, elásticos, colchonetes e cadeiras - além de informações teóricas básicas sobre o funcionamento da coluna e as situações que podem afetá-la negativamente - formam o arsenal de recursos baratos e eficazes contra as dores, que já levaram muitas das alunas a fazer tratamentos em clínicas de fisioterapia conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Dor - Terezinha de Oliveira Cabral fez sessões de fisioterapia durante cinco anos por conta de um desvio na coluna. Apesar do acesso ao tratamento, o resultado era limitado e ela não se sentia bem até ser encaminhada para a Escola de Postura. "Não dava nem para lavar roupa e agora praticamente não sinto nada", compara.
A explicação para a mudança, justifica a fisioterapeuta Simone Segala, foi a mudança de abordagem do problema. "Até chegar à Escola e Postura,Terezinha se limitava a ir à clínica. Agora, frequenta as sessões semanais oferecidas pela Unidade de Saúde e faz a lição de casa direitinho", explica, referindo-se aos exercícios que a dona-de-casa pratica em sua casa todos os dias. "O resultado, então, só pode ser melhor".
Em família - Nos encontros semanais, Terezinha e as demais colegas aprendem como se desincumbir das atividades diárias sem estressar a coluna. Assim, além de se alongar, incorporam nos mínimos gestos como proteger dos impactos essa região sensível do corpo.
Flexionar os joelhos e encolher a barriga antes de pegar uma sacola ou apoiar um pé de cada vez sobre uma superfície elevada do nível do chão enquanto passa roupas são dicas preciosas. O mesmo vale para alcançar objetos em locais altos: ao invés de ficar se esticando e pondo em risco a coluna na tentativa de pegá-los, o melhor é valer-se de um banco ou de uma escada.
Vitória Eduarda tem apenas 10 anos de idade, mas já está aprendendo o que a avó Terezinha ficou sabendo há pouco tempo. Companheiras de rotina e passeios principalmente nas férias escolares, Vitória não deixa a avó nem nas aulas da Escola de Postura e já está alerta para o peso da mochila escolar.
"É importante não só a maneira de pegar e a transportar a mochila mas também o que vai dentro dela", orienta a fisioterapeuta, enquanto observa os movimentos da menina. "Não vou sofrer o que a minha avó sofreu", garante Vitória, que mesmo sem ser paciente do tratamento executa com correção os exercícios propostos para o grupo.
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