| 29/10/2005 17h58min
A nova direção do PT descartou hoje a possibilidade de a antiga tesouraria do partido, comandada por Delúbio Soares, ter recebido dinheiro de Cuba para a campanha eleitoral do presidente Lula em 2002. A denúncia foi divulgada na revista Veja na edição deste final de semana.
O presidente do partido, Ricardo Berzoini, afirmou que o PT prepara uma ação judicial contra a revista por tentar causar danos sucessivos à imagem do partido. O processo incluirá outras reportagens da revista, como uma sobre um suposto repasse financeiro da guerrilha colombiana e de declarações não confirmadas do doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona.
– É tudo absolutamente infundado. A Veja age como uma frente de ataque ao governo e não como um órgão de imprensa. Isso não é jornalismo e sim oposição. Vamos processar a revista por causar danos à imagem do partido –disse Berzoini.
Assessor especial do presidente Lula e secretário de Relações Internacionais do PT na época do suposto repasse de dinheiro cubano, o atual primeiro-vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, afirma que a denúncia é o relato de uma fábula.
– Trata-se de uma fabulação. Como também foi a história da ligação do PT com as Farc. É mais uma campanha da revista contra o governo, sem fundamento real – disse Marco Aurélio.
O sucessor de Marco Aurélio na secretaria de relações internacionais do PT e atual tesoureiro do partido, Paulo Ferreira, disse que conhece o diplomata cubano Sérgio Cervantes que, segundo a revista, teria servido como ponte no repasse do dinheiro.
– O Cervantes fazia a relação institucional de Cuba com todos os partidos brasileiros, inclusive o PT. Mas nunca houve repasse financeiro, isso é mais um absurdo da campanha que essa revista faz contra o governo Lula – disse Ferreira, argumentando ainda que caberá agora à revista provar sua denúncia.
O secretário-geral do partido, Raul Pont, chamou de leviana e infundada a reportagem da revista. O dirigente lembrou as denúncias do doleiro Toninho da Barcelona contra o PT que, segundo ele, sem nenhuma prova, foram manchete de diversas publicações durante dias. Pont lamentou o denuncismo que teria tomado conta do país.
– Daqui a pouco vai se voltar a falar do "ouro de Moscou". Estamos vivendo no país um momento em que os fundamentos não são abordados, são só denúncias, sem provas. É um negócio absurdo.
Pont disse ainda não ver problema na decisão dos partidos de oposição em entrar com uma representação contra o presidente Lula na Justiça. Por sua vez, o ex-presidente do PT José Genoino disse que não comentará o caso. Ele lembrou que na época estava afastado da direção do partido para fazer sua campanha para governador de São Paulo. O deputado José Dirceu também informou, por meio de sua assessoria, que não falará do assunto.
AGÊNCIA O GLOBO