| 28/10/2005 20h34min
O Ministério da Agricultura anunciou hoje a coleta de novas amostras de gado de quatro municípios do Paraná onde existem suspeitas de haver febre aftosa, para ter um diagnóstico mais completo. Desta forma, será adiada a divulgação dos resultados dos testes realizados pelo Laboratório Nacional de Agricultura para confirmar ou desmentir a existência de mais focos da doença que ameaça a indústria pecuária nacional.
Cerca de 5,1 mil cabeças de gado serão sacrificadas imediatamente no Paraná, caso a febre aftosa seja confirmada.
Segundo o empresário Egilmar Viana, vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o problema está sob controle e só há focos de aftosa no Mato Grosso do Sul.
– Como o primeiro resultado das amostras do Paraná deu negativo, (o laboratório) está fazendo uma nova confirmação que será anunciada na próxima semana – disse o empresário, citando versões extra-oficiais.
Viana afirmou que os focos têm "efeito imediato" nas exportações brasileiras.
Mas o empresário afirmou que, nos próximos seis meses, os clientes retirarão os embargos a medida em que o Brasil demonstre "a eficiência" de seus programas de controle.
Os moradores do Paraná confiavam que hoje sairia um anúncio negativo, que permitiria voltar aos normal e evitar novas perdas. Enquanto a incerteza cresce, as barreiras sanitárias em todas as fronteiras do Paraná com estados vizinhos são mantidas, e os municípios sob suspeita continuam bloqueados.
Grandes e pequenas propriedades registram perdas, e a cada dia são desperdiçadas centenas de milhares de litros de leite que não podem ser transportados às indústrias de processamento.
O governo Lula ordenou hoje o pagamento de R$ 33 milhões a criadores de gado do Mato Grosso do Sul, onde há 11 focos de aftosa confirmados.
O Centro Pan-americano de Febre Aftosa (Panaftosa) anunciou que nesse fim de semana começará a inspecionar os pontos de controle sanitário entre Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, e as fronteiras do Brasil com a Argentina e o Paraguai.
Para alguns especialistas, o Brasil, como principal exportador mundial de carne bovina, terá a difícil a tarefa de recuperar seus mercados, porque sua imagem foi abalada.
Até hoje, 47 países tinham fechado total ou parcialmente seus mercados às carnes brasileiras. Bulgária e Angola foram os dois últimos países a tomar esta medida.
O embargo não é unânime. Por exemplo, a Colômbia proibiu totalmente a importação de qualquer espécie de gado do Brasil, e a Argentina se limitou a restringir a compra de carne dos municípios afetados no Mato Grosso do Sul.
AGÊNCIA EFE