| 28/10/2005 17h35min
A instalação das nove barreiras na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina não é garantia de que o Estado está livre da entrada de produtos contaminados pela febre aftosa.
Em especial no norte do Estado, rota de contrabando e tráfico de drogas, pelo menos sete municípios oferecem acesso – por pontes ou balsas que cruzam o Rio Uruguai – a cidades catarinenses sem que ninguém seja barrado ou passe por procedimentos de desinfeção.
Em Aratiba, a divisa com Itá está aberta para a doença. Sem qualquer fiscalização gaúcha, o trânsito é livre durante 24 horas, ameaçando a sanidade do rebanho gaúcho. No local, sobre a ponte da RS-420, um posto de fiscalização montado pela Secretaria de Agricultura catarinense atua rigorosamente em relação aos veículos que chegam a Itá.
Nada que seja de origem animal ou vegetal entra naquele Estado. O motorista pode optar por voltar para Aratiba ou seguir viagem deixando os produtos no posto. Mas, no trajeto contrário não sofre qualquer fiscalização animal ou vegetal.
O agente de fiscalização agropecuária catarinense Jandir Gonçalves afirmou que o tráfego é intenso no local, principalmente à noite:
– Passa muita carga irregular por aqui, mas não temos poder de fiscalizar o que entra no Rio Grande.
O fato preocupa os produtores da região. Em 2004, a doença do mal de Aujeszky foi constatada no município em matrizes suínas compradas em Santa Catarina que chegaram irregularmente às propriedades gaúchas pela divisa. Mais de 3 mil matrizes tiveram de ser abatidas.
– Não podemos correr riscos novamente – disse o secretário municipal da Agricultura, Amauri Prezotto, que desde então reivindica uma barreira sanitária.
O coordenador regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Altacir Burin, afirmou ontem que está sendo estudada a possibilidade de instalar uma barreira no local. Eduardo Vergara, chefe do serviço de controle de trânsito do Departamento de Produção Animal da secretaria, disse que desde ontem haveria um funcionário no posto. A informação, entretanto, não é confirmada pelos fiscais catarinenses.
– Até as 19h de hoje (ontem), ninguém da fiscalização gaúcha esteve aqui. E nem temos essa previsão. Ontem à tarde (quarta-feira), inclusive, passou por aqui um funcionário da Secretaria da Agricultura gaúcha e solicitou que os agentes catarinenses fizessem a fiscalização. Mas não aceitamos – revelou Graciele de Freitas, agente de fiscalização do governo catarinense.
Conforme Eduardo Vergara, chefe do serviço de controle de trânsito do Departamento de Produção Animal da Secretaria Estadual de Agricultura, é preciso levar em conta que é impossível atacar em todos os lugares.
– Por isso se trabalha em pontos estratégicos. Temos barreiras da faixa de Uruguaiana até Torres. Mas, se procurarmos um local na divisa para passar, vamos achar. Vai ter, pois é impossível estar em todos os lugares. Em Aratiba, desde hoje (ontem), já contamos
com um funcionário da nossa
secretaria que trabalha do lado de Santa Catarina em conjunto com a equipe da empresa que presta serviço para a Secretaria de Agricultura catarinense. Isso porque não temos energia elétrica no local (do lado gaúcho, na rodovia RS-420 próximo à ponte sobre a barragem de Itá).