| 27/10/2005 12h46min
Durante a sessão do Conselho de Ética em que será votado o relatório que pede a cassação do mandato do deputado José Dirceu (PT-SP), o ex-petista Chico Alencar (P-SOL-RJ) lembrou que há exatos três anos, no dia 27 de outubro de 2002, ele estava comemorando na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, tendo como "comandante do sonho" o então presidente do PT, José Dirceu.
Chico Alencar anunciou seu voto pela cassação do mandato do ex-ministro. Ele entende que essa triste coincidência (a votação do processo de Dirceu na data que Lula foi eleito presidente) pontua a tragédia coletiva que está por trás do processo em julgamento hoje
– Hoje tragicamente estamos aqui para votar o pedido de cassação dele. Não estamos aqui discutindo uma grande biografia. Realmente ele tem uma biografia espetacular. Estamos analisando uma coleção de malfeitos que levou ao seqüestro dos nossos sonhos. Um conjunto e um processo deletério de
desconstrução da cidadania que teve
o Zé como um de seus artífices. Ele não está sendo condenado por sua trajetória política mas pelo que deixou de fazer no momento presente – afirmou.
Segundo o deputado, esse não é o maior esquema de corrupção do país, tendo sido permitida a continuidade por diversos atores, entre eles Dirceu. Chico Alencar disse ainda que os inimigos de ontem passaram a ser o amigos de hoje de Dirceu e recorreu a um ditado popular para explicar a situação do ex-companheiro:
– Passarinho que dorme em ninho de morcego se vicia e passa a dormir de cabeça pra baixo.
Para o deputado Edmar Moreira (PFL-MG), é exatamente a biografia de Dirceu que mais atenta contra ele.
– Não é o cidadão José Dirceu, o pai de família, o brasileiro que está sendo julgado... É o animal... é o homem político – acrescentou.
O deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que também vai votar pela cassação, classificou como "ridículo" o manifesto de intelectuais divulgado na quarta-feira em favor de Dirceu. Segundo ele, não há dúvida que houve um esquema de pagamento de votos no Congresso.
AGÊNCIA O GLOBO