| 26/10/2005 20h45min
A chegada de seres humanos em locais até agora isolados e o consumo de animais e plantas exóticos seriam responsáveis pela aparição de novas doenças fatais, segundo os especialistas que participarão, em novembro, no México, da primeira conferência Diversitas sobre a biodiversidade. Entre as doenças cujas aparições agora são vinculadas à crescente inter-relação entre ecossistemas que tradicionalmente estiveram isolados do contato humano, os cientistas citam a Aids, o Ebola, a Sars e gripe aviária – que se teme que passe das aves aos humanos causando uma pandemia.
Peter Daszak é um dos 700 especialistas de 60 países que estarão presentes entre 9 e 12 de novembro na cidade mexicana de Oaxaca para a Diversitas, que tratará da biodiversidade a partir de perspectivas legais, econômicas e científicas. Daszak, diretor-executivo do Consórcio para a Medicina Conservacionista, destacou que há uma urgente necessidade de analisar o surgimento de novas doenças a partir das mudanças que acontecem no meio ambiente e da expansão das viagens e do comércio.
– A Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars), que apareceu na Ásia em 2003, causando centenas de mortes, entre eles 44 em Toronto, custou ao mundo cerca de US$ 50 bilhões de dólares. Temos que nos perguntar se são rentáveis algumas das atividades que estão favorecendo a aparição destas doenças – disse Daszak.
Daszak citou como exemplo a construção de uma estrada numa floresta onde a análise dos custos normalmente é reduzida ao preço dos materiais e da mão-de-obra, desconsiderando as possíveis conseqüências negativas, como a aparição de novas doenças. Para o especialista, uma das saídas seria reduzir o contato entre fauna e flora, animais domésticos, aves e pessoas. O cientista admite que esta proposta é polêmica e, em muitos casos, impossível de cumprir, que seria necessário começar a contabilizar econômica e socialmente fatores desse tipo.
A Diversitas é uma organização criada em 1991 para desenvolver um programa internacional e não-governamental de análise da perda e das mudanças na biodiversidade. A entidade é apoiada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Comitê Científico de Problemas do Meio Ambiente (Scope) e a União Internacional de Ciência Biológica (IUBS).
AGÊNCIA EFE