| 26/10/2005 17h46min
Após muita reclamação dos senadores da base aliada, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) leu nesta tarda, durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, trechos das gravações da Polícia Federal que incriminariam o secretário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. As fitas foram feitas durante a investigação do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel, ocorrido em 2002. Os senadores da base não queriam que o tucano usasse as gravações em suas perguntas a Carvalho.
Dias mencionou trechos das fitas que já haviam sido divulgados pela imprensa, como uma conversa em que Carvalho diz a Sérgio Gomes da Silva, o Sombra (que era chefe de segurança de Daniel) que é preciso discutir com José Dirceu uma tática em relação às investigações. Em outro momento das gravações, Sérgio Gomes, que dirigia o automóvel Pajero abordado pelos seqüestradores de Daniel, diz que Gilberto Carvalho tem que "armar alguma coisa", após um laudo mostrar que a porta da
caminhonete não
poderia ter aberto por acidente.
O senador citou também um trecho em que uma mulher é orientada a dizer que a calça com que o corpo de Celso Daniel foi encontrado era a mesma que o prefeito vestia antes de ser seqüestrado. O chefe de gabinete de Lula e os irmãos de Celso Daniel, Bruno Daniel e João Francisco Daniel participam de uma acareação na CPI.
Carvalho respondeu que lamentava que os trechos fossem citados fora de contexto e que estariam distorcendo a realidade. Ele acredita que a discussão de tática se referia a uma crítica à linha de investigação adotada pela polícia, que estaria se concentrando em investigar pessoas próximas a Celso Daniel em vez de ir atrás dos "verdadeiros assassinos".
João Francisco Daniel reafirmou que Gilberto Carvalho ajudou a encobrir provas da corrupção na administração petista em Santo André e afirmou que as investigações da CPI são importantes para demonstrar isso. Carvalho disse que rejeita veementemente a acusação.