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 | 25/10/2005 16h04min

Juiz diz que PT não queria investigar morte de Celso Daniel

João Carlos da Rocha Mattos depõe na CPI dos Bingos

O juiz João Carlos da Rocha Mattos, que depõe neste momento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, afirmou ter ouvido trechos das gravações telefônicas indicando que o PT não queria que as investigações sobre o assassinato de Celso Daniel avançassem. Segundo o juiz, as gravações foram feitas pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público de São Paulo entre janeiro e março de 2002.

– Seria desastroso para a campanha presidencial – disse.

Rocha Mattos foi preso em novembro de 2003 durante a Operação Anaconda, organizada pela PF e MP. Condenado a três anos de prisão por vender sentenças judiciais para beneficiar criminosos, o juiz também será julgado por outros crimes como falsidade ideológica, corrupção passiva e peculato.

Mattos afirma que ouviu fitas gravadas pela PF com diálogos telefônicos de pessoas envolvidas no assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André (SP). Segundo o juiz, uma cópia das fitas está na 4º Vara Criminal Federal de São Paulo.

Para o juiz, os integrantes do PT não queriam que as investigações avançassem porque seria descoberto o esquema de corrupção na prefeitura de Santo André. De acordo com Rocha Mattos, entre as pessoas que tiveram conversas gravadas estavam o então secretário da prefeitura de Santo André e hoje chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o secretário Klinger de Oliveira Sousa, além de Sergio Gomes da Silva, o Sombra, e o empresário Ronan Maria Pinto.

Segundo o juiz, nas gravações, Carvalho e Oliveira sugeriam à mulher de Celso Daniel, Ivone Santana, que passasse a imagem de vúva sentida.

Ele disse ainda que as gravações começaram a ser feitas pela Polícia Federal com o objetivo de investigar o tráfico de drogas, mas, na verdade, "eles (a PF) investigavam o caso Celso Daniel". Rocha Mattos contou que mandou destruir a versão original das gravações, 42 fitas. Segundo ele, houve desvio de finalidade e por tanto as fitas não poderiam ser utilizadas como provas legais.

Celso Daniel foi seqüestrado em janeiro de 2002. Ele estava acompanhado por Sombra. Dias depois, o prefeito foi encontrado morto e Sombra foi acusado de ser o mandante do crime. O Ministério Público levantou a possibilidade de a morte do prefeito estar vinculada a um suposto esquema de corrupção. De acordo com a tese do MP, ele teria sido assassinado por não concordar com esse esquema. Em agosto deste ano, a Polícia Civil reabriu o caso.

AGÊNCIA BRASIL
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