| 24/10/2005 23h59min
A Varig ganhou, na Corte de Falências de Nova York, mais 16 dias para pagar a dívida de US$ 72 milhões com empresas de leasing. Esse montante aumenta em US$ 1,2 milhão por dia. Se a assembléia de credores no Brasil não aprovar nesta terça o plano do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Varig, haverá uma nova audiência na Corte americana, imediatamente depois.
Nos Estados Unidos, o BNDES terá de mostrar que as negociações para socorrer a Varig estão avançando – e não é certo que os credores aceitarão. O dinheiro terá de ser usado para pagar aos credores. Se a Varig não tiver o dinheiro no próximo dia 9, será obrigada a devolver as aeronaves.
O presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, deixou o tribunal antes de saber que o juiz Robert Drain manteria a liminar que dá à Varig até 9 de novembro para pagar o aluguel de 17 aviões.
Uma carta com uma proposta da portuguesa TAP para comprar a VarigLog e a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) era o trunfo que Carneiro da Cunha tinha para impressionar o juiz e acalmar os credores. Pela proposta, a TAP se compromete a pagar US$ 62 milhões junto ao BNDES pelas duas subsidiárias da Varig, e, numa segunda etapa, investir mais US$ 500 milhões para ter até 20% do controle da companhia aérea brasileira.
O presidente da TAP, Fernando Pinto (que já foi o principal executivo da Varig), disse que tem um investidor interessado em injetar US$ 100 milhões e que negocia com outros três. A TAP quer manter as duas companhias separadas, mas com coordenação comum. A Varig reconheceu aos advogados dos credores que a única proposta firme é a do fundo americano Matlin Patterson, que quer a VarigLog.
– Com os US$ 62 milhões e mais US$ 50 milhões que temos a receber, poderemos saldar a dívida. Com os US$ 500 milhões, no ano que vem já sairíamos do vermelho – disse Carneiro da Cunha.
Na audiência, que começou às 11h (13h em Brasília), testemunhou o representante do BNDES, José Augusto Farinha.Os advogados de Boeing, Central e Ansett acusaram a Varig de não cumprir os acordos e destruir os aviões alugados. O advogado da Varig e Carneiro da Cunha disseram que a empresa brasileira tem certificado de excelência. A prática de usar peças de um avião em outro é comum, mas, segundo os credores, a Varig demora demais a repô-las e compra itens de qualidade inferior. Carneiro da Cunha disse que 15 aviões da Varig estão sem voar por causa da falta de peças, mas os que estão em operação têm manutenção perfeita.
AGÊNCIA O GLOBO