| 22/10/2005 18h30min
O mundo observa o duelo de convicções que será decidido pelos brasileiros nas urnas neste domingo. Independentemente do resultado, o referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo e munição já provoca ironia, críticas e elogios internacionais.
O ex-presidente da Costa Rica e cientista político Oscar Arias espera que os eleitores votem Sim. Em artigo, ele sustenta que a experiência é exemplar para a América Central, onde houve mais mortes por brigas domésticas, roubos e gangues do que em guerras nos anos 80. Com o apoio de 30 países, a idéia de Arias é criar um tratado internacional que regule o comércio de armamento. O Estatuto do Desarmamento, que entrou em vigor no Brasil em 2003, é considerado modelo.
– O referendo é decisivo na tentativa da sociedade de transformar por dentro as condições de violência e de pobreza. Se o povo brasileiro decidir banir o comércio de armas, o país poderá tomar posição em nível internacional – escreveu Arias.
Na contramão do costa-riquenho, o jornal americano The New York Times ironiza a consulta popular brasileira. Na edição de quinta-feira, o correspondente Larry Rohter diz que as chances do Não aumentaram por causa do desencanto de eleitores com o PT e o governo federal. O repórter ficou famoso ao escrever que o hábito de beber do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era uma preocupação nacional.
– O plano do governo para uma proibição completa das armas em todo país tem gerado um apaixonado debate cívico raramente visto por aqui (Brasil) – afirmou Rohter.
O sociólogo da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) Rodrigo de Azevedo avalia que a repercussão internacional se deve ao pioneirismo da iniciativa na América Latina.
ZERO HORA