| 19/10/2005 20h50min
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Mensalão, senador Amir Lando (PMDB-RO), promete objetividade na próxima quinta, quando está marcada a chamada superacareação. Na sessão, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares ficará frente a frente com o empresário Marcos Valério e com Simone Vasconcelos, ex-funcionária do publicitário na agência de SMP&B.
Na terça-feira, o relator da comissão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), mal escondia a irritação depois de ouvir 11 perguntas idênticas para o presidente do Citibank no Brasil, Gustavo Marin.
– Vai ser uma acareação técnica, com perguntas objetivas feitas pelo relator. Serei rigoroso na condução e não vou admitir perguntas repetitivas ou evasivas – afirmou o senador.
Valério, Simone e Delúbio ficarão juntos na Mesa Diretora da CPI. Os demais convocados serão chamados um a um e tanto o relator quanto o presidente asseguram que não haverá debates paralelos.
– Não haverá espetáculo à opinião pública. A acareação poderá representar o fio condutor para quantificar o montante real do dinheiro que passou pelas empresas de Marcos Valério, bem como suas origens – disse o relator.
A presença de Delúbio na superacareação foi decidida hoje pela CPI. Teria partido do petista a autorização para os saques das contas de Valério que somaram mais de R$ 55 milhões.
Delúbio, Valério e Simone serão confrontados a outras seis pessoas que sacaram dinheiro: o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-tesoureiro do PL Fernando Lamas, o assessor do PP João Cláudio Genu, o tesoureiro do PTB Emerson Palmieri, o ex-presidente da Casa da Moeda Manoel Severino dos Santos, e José Luiz Alves, assessor do ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto. Eles admitiram os saques em depoimentos às CPIs, mas os valores diferem dos apresentados pelo empresário.
Segundo o presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), os parlamentares que estão na lista de Valério como beneficiários, e por isso têm o mandato ameaçado em processos de quebra de decoro, não serão chamados porque o objetivo é saber nomes de outras pessoas que eventualmente também receberam dinheiro. Para Lando, a acareação será importante porque há discrepâncias entre as declarações de Valério e Delúbio.
AGÊNCIA O GLOBO