| 18/10/2005 16h03min
Ao defender-se no processo que corre contra ele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, o ex-ministro José Dirceu afirmou ter a consciência tranqüila e que não assumirá responsabilidades pelo que não fez.
– Quero repetir para o país: tenho 30 anos de vida pública e estou de consciência tranqüila. Não fujo da minha responsabilidade política ou junto à cúpula do PT – afirma o ex-ministro.
Segundo o deputado, não é verdade que ele tenha participado, sido omisso ou organizado a arrecadação de recursos para o suposto mensalão. Dirceu considera inaceitável ele ter de provar que é inocente em um país em que quem acusa é que deve provar a culpabilidade do outro.
Dirceu argumenta que não pode ser processado por quebra de decoro parlamentar pelas acusações que lhe são imputadas porque estava afastado do cargo de deputado. José Dirceu assumiu a chefia da Casa Civil quando Lula tomou posse na Presidência da República, em janeiro de 2002. Segundo ele, a Constituição Federal impede que o Conselho julgue o seu caso e afirma que apresentará contraprovas sobre suas acusações.
– Não peço misericórdia nem complacência. Leiam minhas provas. Não façam juízo de valor. Eu tenho consciência dos erros que cometi e fiz uma análise política dos meus erros também. Sei que o Conselho de Ética e a Câmara irão se pautar pelas provas e pela Justiça no meu caso – afirmou Dirceu.
Após a fala de Dirceu, o relator do processo de cassação, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), emite seu voto sobre as acusações. A apreciação de Delgado tem 54 páginas e está sendo lida em reunião do Conselho na qual o ex-ministro está presente. Delgado já apresentou seu parecer, adiantando que os fatos apontam indícios de que os atos do ex-ministro são incompatíveis com o decoro parlamentar.
– Zé Dirceu fez conluio com Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) para conseguir dinheiro para favorecer votações na Câmara dos Deputados em favor de projetos de interesse do governo – explicou Delgado.