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Nem o lobby brasileiro no Fórum Econômico Mundial sensibilizou as autoridades norte-americanas para a necessidade de apoio financeiro imediato à Argentina. Apesar dos pedidos do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e do ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, o Tesouro não pretende se envolver, disse o subsecretário para Assuntos Internacionais, John Taylor.
O secretário do Tesouro, Paul O’Neill, considerou ontem, dia 4, o plano argentino “alentador”, embora cobrasse “avanços” como um orçamento “adequado. Tanto O’Neill como Taylor reiteraram que qualquer ajuda financeira será feita por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI), que suspendeu o desembolso das parcelas de um empréstimo de US$ 22 bilhões em dezembro.
O FMI não descartou a possibilidade de liberar novamente o dinheiro, mas ontem quem recebeu o que alguns observadores consideram prêmio pela ajuda na guerra contra o terrorismo foi a Turquia, contemplada com empréstimo de US$ 12 bilhões, dos quais US$ 9 bilhões disponíveis imediatamente. Somada a empréstimos anteriores, a quantia torna a Turquia a maior beneficiária de programas do FMI.
O Fórum terminou ontem com discurso do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, que advertiu para os riscos de uma globalização desatenta à crescente desigualdade social.
– A desagradável verdade é que os mercados incentivam o sucesso a qualquer custo e tendem a punir os pobres simplesmente porque são pobres – afirmou.
Para Annan, os países ricos precisam abrir os seus mercados agrícolas, hoje fortemente subsidiados, às exportações das nações em desenvolvimento, e dobrar a ajuda financeira ao Terceiro Mundo, hoje em torno de US$ 50 bilhões anuais – ou a estabilidade da economia mundial estará comprometida:
– Entregues à pobreza, esses países mergulharão no conflito e na anarquia, tornando-se uma ameaça – como comprovam os eventos de 11 de setembro – à segurança global. Tais questões não podem ser debatidas em encontro fechado que reúna apenas os ricos e poderosos.
XICO REIS