| 10/10/2005 17h00min
A agência de classificação de risco Standard & Poor's baixou hoje as notas dos papéis da General Motors Corp., maior montadora do mundo, para menores do que o nível junk, por causa do pedido de falência de seu maior fornecedor, Delphi Corp., anunciado no sábado.
A classificação mais baixa poderia afetar mais ainda o acesso aos fundos da GM, que já foram afetados quando a S&P reduziu a nota da empresa em maio.
Em comunicado, a S&P disse que a quebra da Delphi pode afetar os esforços da GM de recuperar suas operações na América do Norte. As ações da GM registraram forte queda em Nova York hoje. Por volta das 16h30min, o papel era negociado a US$ 26,32, queda de 6,96%, enquanto os títulos da Delphi registravam uma perda de 66,96%, cotados a US$ 0,37.
Os investidores estão preocupados com o fato de a montadora enfrentar interrupções no fornecimento. Segundo uma corretora, a bancarrota da Delphi aumenta as possibilidades de a GM tomar o mesmo caminho.
A GM acredita que a reestrutuação da Delphi poderia criar riscos operacionais e financeiros, acrescentando que o pedido de bancarrota da Delphi não necessariamente faria a empresa responsável pelos benefícios de saúde e das pensões dos funcionários da Delphi, da qual se separou em 1999. Segundo a montadora, o grau de exposição vai desde a ausência de um impacto material até US$ 11 bilhões no extremo mais alto.
Além da S&P, o Bank of America também reduziu a recomendação dos papéis da GM de neutra para venda, além de ter baixado a estimativa de preços para as ações da empresa de US$ 32 para US$ 18. A instituição também aumentou em 30% as estimativas de possibilidade de que a própria GM venha a pedir proteção ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA.
Um porta-voz da GM, que apresentou prejuízo de US$ 2,5 bilhões em suas operações na América do Norte no primeiro semestre, não quis comentar os últimos acontecimentos.
A GM enfrenta muitos dos problemas que a Delphi enfrentava antes de pedir falência e que giram em torno dos altos custos com salários e benefícios.
A Delphi, com sede em Michigan, vem lutando desde sua cisão da GM contra os altos encargos e apresentou perdas de US$ 741 milhões nos primeiros seis meses do ano. A empresa chegou a pedir financiamento da GM e a aprovação do sindicato para um corte de salários e benefícios como uma tentativa de reestruturação de suas operações americanas não rentáveis.
O pedido de falência da empresa permite a realização de cortes profundos de salários, benefícios e empregos sem a aprovação do sindicato, o que marca um grande revés para a militância tradicional do sindicato do setor.
Steve Miller, CEO da Delphi, afirmou esperar uma redução significativa de empregos nos EUA e nas operações industriais, que incluem a demissão de 4 mil trabalhadores sindicalizados e de outros cuja redução de operações não trará grandes implicações.
AGÊNCIA O GLOBO