| 10/10/2005 10h56min
A Procuradoria da República no Distrito Federal concluirá em duas semanas o relatório de uma investigação que pode complicar ainda mais a situação do ex-ministro José Dirceu (PT-SP). Em um ano e sete meses, o procurador Luciano Rolim colheu provas e ouviu depoimentos que indicam que a Casa Civil atuou para favorecer José Carlos Becker de Oliveira, o Zeca Dirceu, filho do então ministro. As verbas teriam sido direcionadas entre 2003 e 2004 ao Paraná, onde Zeca é prefeito.
Embora o procurador não antecipe o conteúdo do relatório, a tendência é que ele proponha ação de improbidade administrativa contra os dois. José Dirceu informou que só se pronunciará depois que o Ministério Público Federal se manifestar oficialmente. O assunto foi revelado ontem em reportagem da Folha de S.Paulo.
Conforme o procurador, há indícios muito fortes de que houve mesmo um esquema para privilegiar o filho de Dirceu. Rolim afirma estar ainda analisando o caso antes de chegar a qualquer conclusão.
Segundo a reportagem, testemunhas contaram no Ministério Público Federal que funcionários da Casa Civil influenciaram a liberação de recursos de outros ministérios a pedido de Zeca. A ordem partiria de Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu flagrado recebendo propina do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira.
Segundo o procurador, Zeca, Dirceu e Waldomiro também podem responder por tráfico de influência e advocacia administrativa. No caso do ex-ministro, que tem foro privilegiado, a ação só poderá ser proposta pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.
O relatório final do inquérito deve propor ainda ação por falso testemunho contra Isabel Carneiro Silva, ex-assessora do deputado José Carlos Martinez (PTB-PR), e que, segundo o MP, passou a atuar como assessora informal de Zeca Dirceu. Ela negou envolvimento com Zeca mas cinco servidores confirmaram ter sido procurados por Isabel para acompanhar projetos de interesse do petista no Paraná.
AGÊNCIA O GLOBO