| 07/10/2005 19h10min
A vacinação do rebanho bovino brasileiro contra brucelose tornou-se obrigatória a partir de 2001 com a criação do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT). A medida estabeleceu prazo até dezembro de 2003 para que cada Estado implantasse em todo o seu território a obrigatoriedade de vacinação de todas as fêmeas bovinas e bubalinas entre 3 e 8 meses de idade. Desde então, o combate à doença registra avanço no país.
Segundo levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), a comercialização de vacina contra brucelose – conhecida como B19 – alcançou 15,142 milhões de doses em 2003, volume que subiu para 15,84 milhões/doses em 2004. Para 2005, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal estima demanda de 17,677 milhões de doses.
O Mato Grosso do Sul é o principal Estado consumidor da vacina contra brucelose, com demanda de 2,503 milhões de doses (2003), 2,658 milhões (2004) e previsão de 3,3 milhões de doses em 2005. Os demais Estados com maior número de doses adquiridas são Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Goiás.
Apesar do avanço no combate à brucelose, a doença ainda requer atenção por parte do produtor brasileiro. Além dos problemas econômicos e sociais causados, a enfermidade pode ser utilizada como barreira comercial às commodities brasileiras, como acontece hoje com a febre aftosa, que impede o Brasil de exportar carne bovina in natura para importantes mercados, como Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul.
– O Brasil precisa manter um sistema de defesa sanitária animal eficiente para que, além de atuar em novos mercados, possa garantir sua atual posição de líder no comércio mundial de carnes. Assim, o cuidado com a sanidade do rebanho deve ser reforçado constantemente, com a intensificação das campanhas de vacinação contra as doenças mais importantes, bem como com o controle da produção da vacina garantindo a qualidade dos produtos – afirma Emílio Salani, presidente do Sindan.
A expectativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é atingir cobertura vacinal de 75% da população de fêmeas adultas até 2010. Estima-se que a doença atinja atualmente cerca de 5% a 10% do rebanho brasileiro. Quando esta meta for atingida, a prevalência de brucelose deverá situar-se em níveis que permitam passar à fase de erradicação.
Causada pelas bactérias do gênero Brucella sp, a brucelose ataca, primordialmente, o sistema reprodutivo das fêmeas bovinas. No entanto, também pode aparecer em machos. Seus sintomas são: aborto entre sétimo e oitavo mês de gestação, retenção de placenta, infecção uterina e artrites (fêmeas); e inflamação dos testículos nos machos. O contágio é realizado por contato direto do animal sadio com fetos e placentas eliminados por fêmeas infectadas. A contaminação também pode ocorre por ingestão de pastagens ou água contaminadas, ou ainda, com sêmen e leite provenientes de animal doente.
Para prevenir a doença, o produtor precisa vacinar todas as bezerras do rebanho entre 3 e 8 meses de idade. A vacina é viva, ou seja, composta por cepas de bactérias causadoras da doença atenuadas. Sendo assim, ela pode provocar a doença no animal e também no aplicador. Por esse motivo, ela deve ser aplicada somente por médico veterinário.
No caso de surgimento de um foco, os restos de placentas e fetos eliminados devem ser queimados e enterrados. O abate e a incineração dos animais doentes também são recomendados. O produtor também deve examinar seus animais pelo menos duas vezes por ano. Além disso, é importante ter cuidado com a contaminação das fontes de água da propriedade para evitar a disseminação da doença.