| 24/09/2005 08h20min
A Stora Enso, um dos maiores conglomerados de papel e celulose do mundo, anuncia na próxima segunda-feira um projeto de florestamento na Metade Sul do Rio Grande do Sul.
Jukka Härmälä, presidente da gigante sueco-filandesa, com atuação em 40 países e faturamento anual de R$ 35 bilhões, vai participar da solenidade marcada para as 10h na Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais (Sedai).
Aguardada inclusive por concorrentes do setor, o desembarque da Stora Enso no Rio Grande do Sul pode ser dado na região oeste da Metade Sul, especialmente nos municípios de Alegrete, Uruguaiana ou Rosário do Sul, área esquecida por investimentos deste porte. Há dois meses, a empresa adquiriu duas fazendas em Alegrete.
– Provavelmente a Stora Enso vai investir no Estado nos mesmos moldes do projeto da Bahia – diz José Maria de Arruda Mendes Filho, diretor florestal da Votorantim Celulose e Papel (VCP), que já planta eucaliptos em 14 municípios localizados entre Rio Grande e Bagé.
A Stora Enso atua no Brasil em parceria com a Aracruz Celulose – juntas criaram no extremo sul baiano a Veracel, que produz celulose branqueada. A intenção de construir uma unidade de produção de celulose e papel no Rio Grande do Sul deve estar incluída nos discursos da direção da Stora Enso na próxima semana, mas é um projeto que deve se consolidar a longo prazo.
Apesar da parceria na Bahia, o diretor de operações da Aracruz, Walter Lidio Nunes, desconhece os planos da Stora Enso no Estado. Explica, no entanto, que, no mercado de celulose, o investimento mínimo para implantar uma fábrica é de US$ 1 mil por tonelada produzida por ano (US$ 1,2 mil levando-se em consideração a implantação de florestas). A escala de produção mínima para permitir o negócio é de 1 milhão de toneladas por ano, o que significaria um investimento de pelo menos US$ 1 bilhão para iniciar a produção de celulose.
– Esse é o padrão de uma fábrica de celulose que usa o máximo da escala disponível com o menor investimento possível. O que pode variar um pouco é o preço da terra – acrescenta Nunes.
O mercado estima que o destino da celulose que venha a ser produzida no Rio Grande do Sul seja a Europa. Uma unidade deste porte geraria no mínimo mil empregos na área florestal e entre 700 e mil na industrial.
ISABEL MARCHEZAN, MARIA ISABEL HAMMES E TATIANA CRUZ - COLABOROU FRANCISCO AMORIMENTE/ZERO HORA