| 22/09/2005 19h46min
O ex-diretor de Operações dos Correios Maurício Madureira, negou hoje conhecer o esquema de corrupção na estatal. Ele depõe na sub-relatoria de contratos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. Madureira, que fazia parte do quadro da estatal, mas cuja nomeação teve o respaldo do PT, perdeu o cargo assim que veio à tona o escândalo de corrupção envolvendo o então diretor de Contratação de Material Maurício Marinho.
Madureira não trouxe novidade aos parlamentares. Disse que não é filiado a partido político e que só se encontrou uma vez, num evento social, com o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, apontado como a pessoa responsável por sua indicação para a diretoria da estatal. Madureira também negou ter conhecido o ex-deputado Roberto Jefferson e disse que tinha relação apenas profissional com Maurício Marinho.
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) quis saber se, ao longo do tempo que ficou no cargo, ficou sabendo de indícios de irregularidade para beneficiar empresas ou de crime contra a administração pública no suposto conluio de empresas contra a Skymaster na operação do Correio Aéreo Norturno. Madureira voltou a negar que houvesse irregularidade e frisou que a Controladoria-Geral da União faz auditoria anual nos Correios.
O ex-diretor admitiu, no entanto, que havia indícios de que os preços cobrados pelas empresas responsáveis pela rede postal noturna eram "muito altos". Ele disse que, já em abril de 2003, criou um grupo de trabalho para fazer uma avaliação preliminar dos preços. Dois meses depois, o então presidente dos Correios, Airton Dipp, teria formado outro grupo para fazer uma revisão geral dos contratos com a assessoria do brigadeiro Venâncio Grossi.
Maurício Madureira garantiu que não participou da revisão do contrato da empresa Skymaster, que fazia transporte aéreo de cargas para os Correios e é acusada de ter sido beneficiada na licitação do serviço, apesar de ter apresentado preços superfaturados.
O deputado Silvio Torres perguntou a Madureira sobre aditivos de contratos assinados por ele pouco antes de sua demissão, que ocorreu em junho. Segundo o parlamentar, as empresas Visa Transportes e Rodoviário União foram beneficiadas com aditivo de R$ 10 milhões; e a TAS Linhas aéreas, com aumento de contrato no valor de R$ 338 mil. O ex-diretor respondeu que sua assinatura nos aditivos foi "mera formalidade", pois a decisão já havia sido tomada pela diretoria colegiada dos Correios.
AGÊNCIA O GLOBO