| 20/09/2005 14h57min
O doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, reafirmou hoje acusações que fizera à revista Veja contra o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Desmentindo o deputado, Toninho da Barcelona afirmou, em depoimento nas CPIs dos Bingos e dos Correios, que enviou altas quantias de dólares ao gabinete de Devanir em diversas ocasiões. Segundo ele, o dinheiro era depositado numa conta do PT, algumas vezes sem a devida identificação. Os depósitos teriam sido feitos em 2002, quando Devanir era vereador. O petista negou ter conhecimento de qualquer operação com o doleiro.
Segundo Toninho da Barcelona, um funcionário seu, Marcelo Viana, era responsável pela negociação:
– Não participei diretamente das operações. Foi um funcionário meu que fazia as operações com o senhor Devanir. Ia no gabinete dele entregar os dólares. E uma das operações que nos pediu foi um depósito nas contas do partido.
O deputado rebateu acusações de que seu filho
negociava com o funcionário de Toninho da
Barcelona:
– Meu filho operava uma quantia que era a que aproximadamente circulava na Câmara. Era US$ 1.000, US$ 500 , US$ 300. Ele era técnico em informática e fazia serviço para os servidores na Câmara. Comprava dólar e vendia dólar. No máximo, foi US$ 1.000. O senhor falou em RS$ 500 mil. Pensei: "De onde eu arrumei R$ 500 mil?" – afirmou Devanir.
O doleiro desmentiu o petista e revelou que tinha registros de operações em valores altos:
– Estou vendo operações de US$ 10 mil, US$ 15 mil, US$ 30 mil. Isso tem nos registros. Tenho comigo algumas datas. Dia 10/07/2002, US$ 30 mil. A pessoa que foi atendida no seu gabinete se chama Marcos. Se eu disser que foi com Vossa Excelência, estarei mentindo. Não conheço Vossa Excelência, tampouco seus assessores. Também não conheço seu filho. Porém, foi pedida a entrega destes valores em vosso gabinete. Dia 17/07, US$ 25 mil. Dia 01/08, US$ 10 mil. Dia 05/08, US$ 20 mil. Dia 09/08, US$ 8.500. Dia 30/09, foram
requisitados US$ 35 mil, convertidos
em reais.
– O que foi feito no meu gabinete, eu nunca vi isso lá – rebateu Devanir. – Conversando com meu filho, ele disse que nunca fez isso e nunca teve essa oportunidade de ter esse dinheiro. Ele diz que não tem nada que prove. Onde está esta conta? – indagou.
O doleiro afirmou ainda que apenas gerenciava as operações e autorizava que seus funcionários agissem em seu nome. Disse também que Marcelo Viana sempre se apresentava na porta da Câmara municipal.