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Os bancos estiveram no centro das discussões, nesta quinta-feira, dia 17, na Argentina. Já de madrugada, duas instituições financeiras, dois aeroportos e uma companhia aérea foram vasculhados à procura de provas de envolvimento numa operação que teria tirado do país entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões no período anterior ao congelamento de depósitos bancários. À tarde, o Congresso argentino aprovou um programa de socorro aos bancos nos moldes do Proer, que reestruturou o sistema financeiro brasileiro. O projeto fora enviado de manhã pelo Executivo ao Legislativo. Uma comissão parlamentar de inquérito investigará a saída desse dinheiro.
A Justiça argentina aceitou a existência do processo de envio ilegal de dólares para o Exterior. As deputadas Graciela Ocaña e Marcela Rodríguez, informaram ter provas da movimentação de 358 veículos de transporte de valores entre Buenos Aires e o Aeroporto de Ezeiza entre 20 e 30 de novembro, carregados de dinheiro que teria sido enviado ao Exterior. Também são investigados possíveis empréstimos ilegais de bancos a entidades com fortes relações com instituições no Exterior. A CPI tem 120 dias para concluir as investigações e apresentá-las à Justiça.
A Associação de Bancos Argentinos (ABA) publicou em todos os jornais do país um comunicado extenso sobre "a verdade que precisa ser conhecida". A ABA afirma que as versões de que as entidades financeiras seriam responsáveis pelas dificuldades que enfrenta a sociedade argentina não refletem a realidade. Os problemas, afirma, decorrem do "corralito", imposto pelas autoridades argentinas para evitar o colapso do sistema bancário. A Argentina vai precisar socorrer os bancos – que terão fortes perdas com a inadimplência dos clientes e a desvalorização cambial – para evitar o chamado "risco sistêmico", processo pelo qual a falência de um banco levaria à quebradeira de todo o sistema.
O projeto prevê que o Banco Central garanta todos os depósitos existentes no sistema financeiro e injete dinheiro nos bancos em difícil situação para garantir que não haja prejuízo para os clientes. Em contrapartida, o BC receberia participação acionária nessas instituições. Se, mesmo assim, este banco não conseguir garantir liquidez aos depositantes, o BC decretaria a liquidação extrajudicial da instituição, sanearia, assumiria a "parte podre", e depois tentaria vender ao mercado a "parte boa" do banco.