| 09/09/2005 13h18min
O corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), descarta a possibilidade de acordo para salvar o mandato do presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), que é acusado pelo comerciante Sebastião Buani de cobrar propina para conceder prorrogação do contrato de exploração de restaurante da Câmara. Nogueira disse nesta sexta-feira que espera resolver o caso aberto na Corregedoria o mais rapidamente possível. Para tanto, conta com a apresentação do cheque de Buani que teria sido utilizado para pagar propina a Severino.
– Ninguém vai aceitar qualquer tipo de acordo. Isso é pior para a Casa. O cheque é uma prova forte, definitiva. Eu estou esperando que seja apresentado. Se não vai ficar uma questão de palavra contra a outra. Até o fim da semana tudo estará esclarecido. Eu tenho interesse de resolver tudo isso o mais rápido possível – disse Nogueira, que na quinta-feira afirmou que é muito cedo para se falar em sucessão de Severino.
O deputado prefere não dar declarações sobre o destino de Severino, mas afirma que se ele quiser presidir a Casa, terá de provar inocência. Nogueira garante que, apesar de ser aliado e amigo pessoal do presidente da Câmara, vai conduzir a investigação com isenção.
– Ele poderia tirar licença, mas acho que considera o afastamento uma última hipótese. Não vou dar conselho, nem dar juízo de valor. Qualquer pessoa que queira presidir a Casa terá de provar a inocência. Sou aliado e grande amigo dele. Não é uma coisa agradável tudo isso, mas tenho de cumprir o meu dever. Vou saber separar as coisas – disse.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) tamém afirmou nesta sexta-feira que não há hipótese de acordo para salvar o mandato do presidente da Câmara. Durante discurso na tribuna da Câmara, o deputado Alceu Collares (PDT-RS) também cobrou a cassação do mandato de Severino. Ele aproveitou a oportunidade para se lançar candidato ao cargo.
Já na quinta-feira os deputados começaram a falar em renúncia e cassação do mandato de Severino, após a entrevista de Sebastião Buani confirmando denúncias de suborno contra o presidente da Câmara.
Embora deputados oposicionistas defendam a saída de Severino da presidência da Câmara, ainda não há consenso sobre como se daria a substituição dele. Os tucanos defendem o afastamento e a convocação imediata de eleição para o cargo. O PFL prefere o afastamento temporário para que o primeiro vice-presidente José Thomaz Nonô (PFL-AL) fique no cargo por pelo menos 120 dias.
AGÊNCIA O GLOBO