| 08/09/2005 20h22min
O corregedor da Câmara dos Deputados, Ciro Nogueira (PP-PI), classificou como chocante a entrevista coletiva do comerciante Sebastião Augusto Buani sobre o pagamento de mensalinho ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), concedida hoje.
– Ele diz que tem o cheque, que é uma prova bem forte. Por isso, é um depoimento chocante. Só pessoas que conhecem Buani sabem dizer se é convincente ou não – disse.
Na entrevista, Buani afirmou que um motorista de Severino teria descontado um dos cheques que pagaram o mensalinho. O comerciante, dono do restaurante Fiorella do Anexo 4 da Câmara, já entrou em contato com a gerente do banco dele para conseguir cópia do cheque.
Amigo de Severino, Ciro Nogueira contou que, até então, o presidente da Câmara afirma ser inocente e que o mensalinho não ocorreu. O corregedor revelou estar triste pelo amigo e que se trata "do momento mais difícil de sua vida". Para Nogueira, se Severino for culpado, não pode mais continuar na presidência da Câmara.
– Só pode ficar se for inocente. A renúncia é uma questão pessoal. Qualquer parlamentar acusado de corrupção fica em situação constrangedora – disse.
O corregedor afirmou ainda que conversaria com Severino por telefone. Ele é responsável pelo processo de sindicância aberto pela mesa diretora. No gabinete do presidente da Câmara, circula a versão de que ele não pretende renunciar. Severino, que participa de compromissos oficiais em Nova York, acompanhou a entrevista de Buani pela internet.
O líder do PDT na Câmara, Severiano Alves (BA), também comentou a entrevista de Sebastião Buani. Oposicionista, Alves aconselhou Severino a regressar ao Brasil o mais rápido possível. O líder pedetista também adiantou que o partido dele vai entrar com o pedido de cassação do mandato de Severino na segunda.
– Eu acho que todos os deputados que estão fora do Brasil terão interesse em vir mais cedo. Nós devemos entrar com o pedido de cassação na segunda-feira. Para mim a entrevista não trouxe muitas novidades porque já sabíamos das irregularidades – disse.
AGÊNCIA O GLOBO