| 13/01/2002 20h43min
Uma missão técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI) chega nesta segunda-feiram dia 14, a Buenos Aires para analisar os problemas do sistema financeiro da Argentina. Será a segunda visita ao país em uma semana marcada por uma intensa polêmica entre o organismo e as autoridades argentinas. As relações entre o governo argentino e o Fundo estão tensas.
A missão, chefiada por Tomás Reicheman, responsável pelo caso argentino no FMI, chegará poucas horas depois de severas críticas feitas pelo presidente Eduardo Duhalde e outros integrantes do governo. A instituição não liberou a parcela de US$ 1,26 bilhão prevista para dezembro.
Quando os protestos explodiram no país, porta-vozes do FMI se apressaram em declarar que a decisão não havia colaborado para a explosão social no país. O vice-ministro da Economia, Jorge Todesca, disse em entrevista a uma rádio local que o governo já trabalha nesse sentido:
– Francamente, não necessitamos que a cada dois minutos um funcionário do FMI nos diga como temos de percorrer o caminho, ainda mais fazendo isso a 10 mil quilômetros de distância e sem um bom conhecimento da situação.
A vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, havia dito na sexta-feira, dia 11, que o organismo ajudaria quando a Argentina apresentasse um plano econômico "coerente". Enquanto isso não acontecesse, o Fundo auxiliaria com conselhos de política e assistência técnica porque não teria "sentido falar de um programa de apoio". Krueger acrescentou que o sistema de câmbio duplo adotado pelo governo é insustentável a médio prazo.
– Precisamos de um programa de desenvolvimento para a Argentina que não sei se interessa à senhora Krueger, mas interessa aos argentinos – reagiu Tedesca.
Segundo o vice-ministro, seria melhor que os representantes do Fundo falassem menos, já que não têm "nada interessante para dizer". Se deixarem a equipe trabalhar por mais alguns dias, afirmou, para equilibrar a situação econômica e social, haverá em breve um plano para apresentar ao FMI.