Em reunião, líderes e representantes de cinco partidos de oposição ao governo decidiram pedir oficialmente o afastamento de Severino Cavalcanti da presidência da Câmara dos Deputados até o fim das investigações.

Além de entregar a carta a Severino, a oposição pretende protocolar, às 17h, a representação na Casa. Severino é acusado de receber propina do empresário Sebastião Augusto Buani, proprietário da empresa Buani & Paulucci, administradora do restaurante do 10º andar do Anexo 4 da Casa.

O documento foi divulgado pelo líder da minoria na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA). Apela-se a Severino o compromisso de que "agiria na condição de magistrado" diante de questões que dividiam a Casa e exigiam atenção por parte dos parlamentares. Apesar da carta pedindo o afastamento, a oposição não estabelece prazo para que o presidente da Câmara deixe o cargo.

Um trecho da carta afirma que "é novamente hora de demonstrar seu compromisso com a imparcialidade. A nenhum magistrado é dado comandar um procedimento no qual possui interesse direto. Em nome do representa o Parlamento brasileiro, solicitamos a Vossa Excelência que se afaste da Presidência da Câmara dos Deputados até que as denúncias trazidas a público durante o fim de semana sejam apuradas com rigor e isenção".

Participaram do encontro o deputado do PSDB Alberto Goldman (SP) e líderes da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), do PV, Fernando Gabeira (RJ), e do PPS, Raul Jungmann (PE). Goldman convidará o PMDB e o PT a também assinar o documento. O PV vai realizar ainda hoje uma consulta ao diretório nacional para adotar posição em relação à representação.

Durante a reunião, Aleluia ligou para o presidente da Câmara. Severino reiterou que não vai se afastar do cargo.

Os líderes observaram que não se trata de um ultimato e se comprometeram a não entrar com representação contra Severino no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar até que as investigações da Comissão de Sindicância sejam concluídas. Também será formada uma comissão suprapartidária para acompanhar as investigações, composta pelos deputados Ronaldo Dimas (PSDB-TO), José Carlos Aleluia, Raul Jungmann, Fernando Gabeira e Ronaldo Caiado (PFL-GO). Dependendo do resultado, os partidos poderão entrar com a representação contra Severino.

O vice-líder do PPS, Raul Jungmann, afirmou que o partido já havia decidido pela representação contra Severino. No entanto, depois da reunião, a legenda optou por aguardar o resultado das investigações.

– Apenas uma entrevista de jornal não é suficiente para a representação. Uma representação mal fundamentada neste momento pode significar um erro de julgamento – avalia Jungmann.