| 03/09/2005 15h40min
Um argentino que mora na Ilha de Santa Catarina é o mais novo personagem do maior escândalo da história política recente do país. Trata-se de Carlos Alberto Quaglia, dono da Natimar Negócios e Intermediações Ltda, cujo nome veio à tona pela boca de Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval, com sede em São Paulo.
Em depoimento à CPMI dos Correios na quarta-feira, Quadrado apontou Quaglia como sendo o responsável pela aplicação, no mercado futuro de ouro, de pelo menos R$ 6,5 milhões provenientes de duas empresas que pertencem ao publicitário Marcos Valério de Souza, acusado de ser o operador do esquema do "mensalão".
Os recursos teriam sido depositados na conta corrente que Quaglia mantém na Banval pelas empresas 2S Participações e Tolentino Advogados Associados, ambas do publicitário mineiro que fez empréstimos milionários para o PT.
Conforme Quadrado, o trabalho de Quaglia teria como objetivo "esquentar" dinheiro cuja origem não era comprovada. Segundo Quadrado, o argentino seria o responsável por redistribuir a verba a 90 pessoas supostamente indicadas por Marcos Valério. A lista com os nomes foi entregue aos membros da CPMI.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o deputado federal Sílvio Torres (PSDB-SP) avisou que vai encaminhar requerimento convocando Carlos Alberto Quaglia para depor na Comissão e esclarecer as declarações de Quadrado.
O Diário Catarinense esteve na casa de Quaglia na sexta-feira, em uma servidão no Rio Vermelho, no Leste da Ilha, mas ele não estava. Um jovem que atendeu a reportagem disse que o argentino retorna apenas na segunda-feira, mas não informou onde ele se encontrava nem forneceu telefone para contato.
A residência, modesta, tem muros altos e é guardada por dois cães rotweiller. Conforme informações extra-oficiais da Junta Comercial do Estado de Santa Catarina, a Natimar funcionaria no local, mas isso não foi confirmado pelo jovem que estava na casa.
JOÃO CAVALLAZZI/DIÁRIO CATARINENSE