| 31/08/2005 15h59min
O prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, disse hoje que pode haver "centenas, possivelmente milhares de mortos" na cidade, devastada pelo furacão Katrina. Com grande parte da cidade inundada, o caos e a violência se espalharam por várias regiões da Louisiana atingidas pelo furacão Katrina, com relatos de saques generalizados, ataques e prisioneiros amotinados.
A governadora da Louisiana, Kathleen Blanco, reiterou hoje que Nova Orleans tem de ser evacuada completamente devido à rápida deterioração das condições na cidade em decorrência das inundações, que atingem mais de 80% da cidade.
– Enviamos ônibus. Nós os transportaremos em embarcações, helicóptero ou no que for necessário – prometeu Kathleen.
Segundo os últimos números oficiais, o Katrina, que fez o Governo Bush declarar emergência de saúde pública no Golfo do México, deixou pelo menos 166 mortos em sua passagem nos últimos dias por Louisiana, Mississippi, Alabama e Flórida. Além disso, os danos materiais provocados fazem com que o furacão seja considerado uma das piores catástrofes naturais da história dos EUA.
Ontem à noite, o presidente do Conselho Municipal de Nova Orleans, Oliver Thomas, disse que a polícia da cidade tinha confirmado a ele que ocorrera um motim na noite de segunda ou na madrugada de terça-feira na prisão de Orleans, aparentemente durante a remoção de alguns prisioneiros. Várias televisões mostraram hoje imagens feitas de helicópteros nas quais apareciam dezenas de prisioneiros com suas características roupas laranjas sentados numa parte elevada de uma estrada que ficou acima da água, e cercados por grupos de agentes penitenciários fortemente armados.
A suspensão dos serviços de telefonia e a falta de energia elétrica estão aumentando os problemas das autoridades para controlar a situação, estimulada pelo vazio policial que o furacão provocou, com milhares de agentes do Estado dedicados às tarefas de busca e resgate de sobreviventes. Este vazio foi aproveitado por indivíduos que estão saqueando os estabelecimentos comerciais que se mantiveram de pé após a passagem do Katrina e as inundações.
As imagens de Nova Orleans e de outras cidades da região mostram homens e mulheres saqueando supermercados em busca de água e comida. A escassez de alimentos começa a ser sentida por causa do fechamento forçado de todos os estabelecimentos comerciais. Também há vários grupos saqueando roupas, eletrodomésticos ou qualquer outra mercadoria de valor.
O porta-voz da polícia estadual da Louisiana, o sargento Frank Coates, confirmou que as autoridades policiais não estão detendo as pessoas pegas saqueando estabelecimentos, porque os agentes estão concentrados em tarefas para "conservar a vida". Coates disse ainda que os policiais impedirão os roubos em estabelecimentos comerciais e em casas, mas que sua prioridade é "atender às pessoas isoladas nos telhados". A governadora Kathleen confirmou que os saques são um grave problema, mas que a prioridade é atender aos sobreviventes.
A situação está piorando devido ao crescente perigo de aparecimento de focos de doenças infecciosas causadas pelos corpos em decomposição de pessoas e animais que flutuam nas águas. Também há cada vez mais medo de contaminação por causa da inundação de fábricas que armazenavam produtos químicos, que agora estão sendo arrastados pelas águas.
AGÊNCIA EFE