| 23/08/2005 23h04min
O ex-presidente do Banco Popular do Brasil Ivan Guimarães disse que conheceu o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza em 2003, em decorrência da prestação de serviços ao banco por parte da DNA Propaganda, que pertence ao empresário.
Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios, Guimarães confirmou ter mantido vários encontros comerciais com Valério e admitiu que, além de negócios, eles discutiam política. Ele declarou, porém, que nestes encontros nunca tomou conhecimento de nenhum procedimento suspeito por parte das empresas de Valério ou do PT.
– Marcos Valério tinha muito interesse nas eleições estaduais e municipais – afirmou.
Guimarães confirmou que prestou trabalhos voluntários no comitê financeiro da campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Na ocasião, ele teria trabalhado ao lado do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Segundo Guimarães, era ele quem cadastrava os empresários a quem o grupo pedia recursos para a campanha de Lula.
Entre as empresas visitadas, Guimarães citou a Nestlé, que não teria dado recursos para a campanha, o grupo Sílvio Santos, que teria contribuído, o maior fabricante de embalagens do Brasil (cujo nome ele não soube dizer), que não teria dado dinheiro para a campanha presidencial, mas doado recursos para o então candidato a senador Aloizio Mercadante (PT-SP), e a Companhia Suzano de Papéis, que o depoente diz não recordar se contribuiu ou não.
Guimarães informou aos parlamentares que conheceu Delúbio Soares em 1989 e, desde então, tornou-se seu amigo pessoal.
O ex-presidente do banco disse ainda que, após deixar o cargo em abril devido ao interesse do PT em realocar seus quadros, passou a ganhar R$ 36 mil como conselheiro indicado pelo Banco do Brasil a três grandes empresas: a Kepler, onde recebe R$ 8 mil; a Belgo-Mineira, que lhe paga R$ 10 mil; e a Bombril, que está sob intervenção judicial e lhe dá R$ 18 mil por mês.
Em resposta ao deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), Guimarães admitiu que o Banco Popular teve prejuízo de R$ 60 milhões em seu primeiro ano de operação. O parlamentar protestou, lembrou que todos os bancos do mundo dão lucro e acusou o depoente de afundar a instituição bancária. Mattos também sugeriu que a CPI requisite cópia de contrato de patrocínio do Banco Popular com times de futebol de areia. Ele suspeita de irregularidades na operação.
AGÊNCIA O GLOBO