| 18/08/2005 18h30min
O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, fez um depoimento sem novidades na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Mensalão e frustrou os parlamentares. Em pouco mais de nove horas, garantiu ser o único responsável pelos esquemas de caixa dois para financiar campanhas do PT.
Senadores e deputados esperavam revelações de Delúbio, como nomes envolvidos em esquemas ilegais e a origem e o destino de recursos obtidos, sem registros contábeis, junto ao publicitário mineiro Marcos Valério de Souza.
Mesmo sem estar protegido por um habeas corpus preventivo, como ocorreu no depoimento prestado na CPI dos Correios e que o isentava de responder a todos os questionamentos, Delúbio foi evasivo e chegou a irritar os parlamentares, tanto de oposição quanto os ligados ao governo. Muitos consideraram que o discurso de Delúbio foi destinado a proteger outros líderes do PT.
Delúbio, que deixou o cargo de tesoureiro do PT, afirmou que o dinheiro vindo das empresas de Marcos Valério somaria aproximadamente R$ 55 milhões, conseguido por meio de créditos avalizados com contratos do publicitário com empresas do Estado. Este valor, garantiu o ex-tesoureiro, nunca foi declarado nem às autoridades eleitorais nem à Receita. A verba seria para saldar dívidas de campanhas do PT e de outros partidos da coalizão de governo. Nenhum outro dirigente petista, disse Delúbio, teriam tido envolvimento nestas negociações.
Delúbio se classificou como "fiel seguidor do presidente Lula" e tentou driblar a pergunta sobre seu relacionamento com o presidente. Indagado pelo deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) se seria amigo de Lula e teria intimidade com ele, Delúbio desconversou:
– Eu sou militante do Partido dos Trabalhadores, e o presidente Lula foi presidente do partido por muitos anos. Admiro muito (o presidente).
O presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando (PMDB-RO), deu um prazo de oito dias, a partir desta quinta, para que o
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares
apresente uma contabilidade informal, aos integrantes da comissão.
O ex-tesoureiro negou que o PT tenha dinheiro no Exterior, como denunciou o doleiro Toninho da Barcelona. Ele reiterou que não foi usado dinheiro público para fazer qualquer pagamento do PT.
AGÊNCIAS O GLOBO E EFE