| 27/12/2001 20h43min
O novo governo da Argentina, que já começou a imprimir a nova moeda do país, recebeu nesta quinta-feira a notícia de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) "está pronto" para "desenvolver uma solução sustentável para os problemas econômicos" do país. A informação foi dada em carta do diretor-gerente do Fundo, Horst Koehler, ao presidente Adolfo Rodríguez Saá, divulgada à imprensa pelo secretário-geral da Presidência, Luis Lusquiños.
A carta, disse Lusquiños, marca o reinício do diálogo entre o FMI e a Argentina, praticamente interrompido desde que o Fundo negou, em plena crise, um pagamento de US$ 1,264 bilhão ao governo do então presidente Fernando de la Rúa, alegando o não-cumprimento de metas acertadas. O comunicado do FMI reabre o diálogo a partir da decisão argentina de suspender o pagamento da dívida pública de US$ 132 bilhões, anunciada no último domingo.
O Fundo "não impõe absolutamente nenhuma condição", disse Lusquiños. Uma fonte do FMI confirmou em Washington a mensagem de Koehler de que o Fundo "está aberto para negócios e pronto para trabalhar com o novo governo" num programa que devolva a estabilidade econômica ao país.
Não há, ainda, nenhum contato previsto, e não deve haver antes da primeira ou segunda semana de janeiro, disse a fonte do FMI. Criticado por economistas de várias tendências por ter ajudado a agravar a crise argentina, por apoiar o governo de Buenos Aires quando já não acreditava na viabilidade de sua rígida política cambial, o FMI continua sendo fundamental para o futuro econômico da Argentina, por uma forte razão prática. A instituição tem ainda a desembolsar cerca de US$ 22 bilhões de total de US$ 48 bilhões em créditos concedidos à Argentina entre dezembro de 2000 e setembro passado. E a Argentina necessita desesperadamente desse dinheiro.
A diretora da Casa da Moeda anunciou nesta quinta ao jornal Ambito Financiero que a impressão de "argentinos" – a nova moeda que circulará em janeiro junto com o peso e dólar, além dos 12 bônus emitidos pelos governos federal e provinciais – já começou, em meio a fortes medidas de segurança. A quantidade de argentinos que será impressa, não revelada, foi determinada pelo presidente Adolfo Rodríguez Saá. A introdução da nova moeda representará uma forte desvalorização do peso, previram, em Londres, especialistas em mercados emergentes, para os quais não resta às autoridades argentinas praticamente nenhuma outra opção para acabar com a crise.