| 05/08/2005 16h09min
O presidente da comissão de ética do PT, Danilo de Camargo, pediu hoje demissão do cargo. Ele presidiria a reunião que vai ouvir, no domingo, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, acusado de envolver o partido em denúncias de corrupção, compra de votos de deputados e caixa 2 em campanhas eleitorais.
Em reunião ontem, a executiva nacional do PT decidiu manter Danilo no cargo, por seis votos a cinco, com quatro abstenções. No entanto, ao refletir melhor sobre o resultado apertado da aprovação de sua manutenção no cargo, ele resolveu pedir demissão, principalmente porque quem se absteve foram exatamente os novos dirigentes do partido: Tarso Genro, Ricardo Berzoini, José Pimentel e Francisco Campos, que presidirá o processo de eleição direta para presidente do PT em setembro.
– Apesar de a executiva ter me mantido na presidência da comissão, não me senti respaldado para continuar no cargo, sobretudo pela abstenção da nova direção da executiva – disse Danilo.
No domingo passado, quando Danilo tomaria o depoimento do ex-tesoureiro, a reunião teve de ser adiada porque um membro da comissão alegou que Danilo não tinha isenção para julgar Delúbio, já que os dois pertencem ao Campo Majoritário do PT. Danilo também teria se envolvido na crise por ter se reunido no dia 10 de julho com o ex-presidente José Genoino e seu irmão José Nobre Guimarães, deputado estadual no Ceará, cujo então assessor, José Adalberto Vieira da Silva, foi preso com R$ 209 mil numa mala e US$ 100 mil na cueca.
Com a suspeição em torno de seu nome, Danilo acabou cancelando a primeira audiência para ouvir Delúbio e remeteu a decisão de ser afastado ou não do cargo de presidente da comissão de ética para a reunião de quinta da executiva.
Danilo não acredita que sua demissão possa adiar mais uma vez o depoimento de Delúbio, marcado para este domingo, às 10h. Entretanto, já há os que defendem que amanhã, no primeiro dia de reunião do diretório nacional do PT, em São Paulo, algum membro do partido peça a expulsão sumária de Delúbio do PT, sem a necessidade de se passar pela comissão de ética. Além disso, haverá uma proposta para a suspensão de Delúbio por 60 dias, enquanto a comissão de ética decide sua situação no partido.
As informações são da Agência O Globo.