| 02/08/2005 23h21min
Luiz Eduardo Soares denunciou nesta terça, em depoimento na CPI dos Bingos, uma ação do PT para tirá-lo da Secretaria Nacional de Segurança. De acordo com Soares, o motivo seria o fato de ele ser considerado um adversário contra qualquer tipo de irregularidade no governo. Ele apontou como responsáveis o ex-ministro José Dirceu, o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno.
Segundo Soares, eles teriam abafado investigações para desmentir um dossiê anônimo que o acusava de irregularidades que não se sustentavam. Soares fez outra denúncia que levou à primeira acareação da CPI dos Bingos. Ele acusou o empresário do ramo de jogos Sérgio Canozzi de propor a ele um esquema de corrupção que tiraria do governo de Benedita da Silva, no Rio de Janeiro, mais de R$ 100 milhões para a campanha de 2002.
Frente a frente com Canozzi, que responde a processos por sonegação de impostos, Luiz Eduardo confirmou que o empresário disse a ele que existia também um esquema de arrecadação para o PT montado por Waldomiro Diniz, então presidente da Loteria do Rio de Janeiro (Loterj).
O senador Tião Viana (PT-AC) disse que o partido nunca perseguiu Luiz Eduardo, que estava filiado ao partido quando ocupava a Secretaria Nacional de Segurança. E depois de conversar com Benedita da Silva, respondeu que o suposto esquema de corrupção proposto por Canozzi nunca existiu. Marcelo Sereno negou as acusações. Disse que o ex-secretário de Segurança deixou o governo por vontade própria, depois da divulgação de que havia contratado a ex-mulher e a atual na secretária.
Sereno afirmou ainda não ter conhecimento de qualquer dossiê contra Luiz Eduardo. Waldomiro Diniz não foi encontrado. Dirceu, que passou o dia em depoimento no Conselho de Ética, não comentou as acusações.
Como a versão de Canozzi durante a acareação não convenceu os senadores, ele e sua mulher, Denise, terão as contas bancária e fiscal abertas. Também foi quebrado o sigilo telefônico do empresário e do aparelho instalado no gabinete onde Soares trabalhava. A intenção é apurar se procede a informação de que Canozzi insistiu com várias ligações para ser recebido por Soares.
No decorrer do depoimento de Canozzi, a comissão confirmou com a Receita Federal que ele é dono de dois CPFs e é alvo de vários processos, um dos quais objeto da intimação entregue, na ocasião, pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), a pedido do delegado da Polícia Federal do Rio Grande do Sul, Daniel Justo Madruga.
Canozzi disse que não atua na área de jogos, e sim na área imobiliária e de marketing comercial.
Segundo Soares, o empresário lhe propôs que entrasse no esquema em troca da "drenagem" de recursos públicos para campanhas eleitorais, que poderiam chegar de R$ 80 a R$ 100 milhões apenas nos nove meses do governo de transição de Benedita da Silva (PT). Pela proposta, o desvio de dinheiro público iria ainda assegurar um "faturamento privado" de R$ 10 milhões para a governadora, R$ 5 milhões para o próprio Soares e de R$ 1 milhão para o empresário.
Soares disse ter falado com a governadora sobre a conversa com Canozzi em três ocasiões, mas que ela desconversava.
Com informações de Zero Hora e da Agência O Globo.