| 26/07/2005 22h47min
O Fórum Social Mundial (FSM) recebeu dinheiro da agência de publicidade SMP&B, do publicitário Marcos Valério Fernandes, ligado aos escândalos de corrupção que sacodem o Brasil.
Um comunicado da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) explica que a agência de publicidade de Marcos Valério destinou R$ 400 mil (US$ 170 mil) para a organização da quinta edição do FSM, que se realizou em janeiro em Porto Alegre. A associação é responsável pela organização do evento desde a primeira edição.
O dinheiro, segundo a nota da Abong, corresponderia a acordos de patrocínio assinados com os Correios, cujas contas de publicidade estavam nas mãos da empresa de Marcos Valério.
A associação contesta, no entanto, que os recursos para o Fórum tenham sido repassados em nome de um dos diretores da entidade, José Eduardo Saavedra Durão. A informação foi divulgada nesta terça em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
A Abong admitiu ter recebido R$ 100 mil (US$ 50 mil) da SMP&B para a instalação de uma mostra sobre Porto Alegre em Mumbai (Índia), no quarto Fórum Social Mundial, em janeiro do ano passado.
• Confira a íntegra da nota oficial divulgada pela Abong
A Associação Brasileira de ONGs – Abong – vem prestar os seguintes esclarecimentos à sociedade brasileira face às matérias publicadas hoje, 26 de julho de 2005, especialmente pelo jornal O Estado de São Paulo, relativas a repasse de recursos pelo governo federal para esta entidade, por meio da agência de publicidade SMP&B sob investigação na CPI dos Correios:
Como é de conhecimento público, e tem sido objeto de transparentes prestações de contas, a ABONG foi responsável pela organização e gestão financeira do Fórum Social Mundial (FSM) desde 2001. Para a montagem do V FSM, realizado em Porto Alegre no início deste ano, a ABONG contou com o apoio financeiro da Cooperação Internacional e com recursos públicos nacionais oriundos do governo federal, diretamente ou através do apoio de empresas estatais, do governo do estado do Rio Grande do Sul, e da Prefeitura de Porto Alegre.
Os recursos recebidos do governo federal, através da ABONG, para o V FSM foram cerca de R$ 5.063.000,00 (cinco milhões e sessenta e três mil reais), na maior parte oriundos de convênio com o Ministério do Turismo, além de patrocínios do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
A Prefeitura de Porto Alegre apoiou a realização do Fórum Social Mundial 2005 com R$ 1.799.780,00 (um milhão setecentos e noventa e nove mil setecentos e oitenta reais) e o governo do estado com R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), além da prestação direta de serviços como a impressão do programa do FSM.
O depósito de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), parte da quantia mencionada pelo O Estado de São Paulo, que foi feito na conta da ABONG (e não na conta do seu diretor, ao contrário do que insinuou o referido jornal), refere-se ao apoio ao V Fórum Social Mundial, prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos por meio da Abong. O pagamento foi realizado, em nome da Empresa de Correios e Telégrafos, pela agência SMP&B.
A outra parte mencionada pelo referido jornal, refere-se ao apoio da ECT para a montagem do “Memorial de Porto Alegre” no Espaço Brasil no IV Fórum Social Mundial de Mumbai, em 2004, na Índia, no montante de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
A Abong não tem nenhuma responsabilidade no tocante à relação existente entre a ECT e a referida agência de publicidade e, assim como toda a sociedade brasileira, não tinha então nenhum motivo para não acreditar na idoneidade dos procedimentos da empresa pública ECT, a única com a qual nos relacionamos.
A ABONG prestou à sociedade civil brasileira e mundial o relevante serviço de organizar o Fórum Social Mundial e, para viabilizá-lo, dialogou com as autoridades brasileiras nas três esferas: federal, estadual, e municipal, tendo sempre como patamar ético o reconhecimento do interesse público na realização do Fórum. O apoio do governo federal ao Fórum Social Mundial foi determinado pelo Senhor Presidente da República e foi viabilizado através de interlocução da ABONG com a Secretaria Geral da Presidência da República, sem qualquer tipo de intermediação. Como organização e como cidadãos e cidadãs queremos crer que não andamos em más companhias.
Todos os recursos destinados à realização do FSM foram rigorosamente destinados às finalidades previstas nos convênios e contratos e devidamente auditados. Estamos, portanto, perplexos com o nosso envolvimento com os fatos que são objetos da CPI, já que só nos relacionamos com órgãos públicos em bases éticas e transparentes.
A ABONG participa ativamente de todas as manifestações das organizações e movimentos da sociedade civil brasileira que vêm exigindo a completa apuração das denúncias de corrupção que atingem as nossas instituições políticas, com a rigorosa punição de todos aqueles cujas responsabilidades forem devidamente comprovadas.
Com informações são da agência EFE.