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 | 14/12/2001 20h51min

Supermercados são saqueados na Argentina

Kiguel deve substituir Marx, e aumenta a possibilidade de dolarização da economia

Dezenas de pessoas saquearam alimentos nesta sexta-feira, dia 14, nos supermercados do interior da Argentina. Cerca de 40 pessoas, segundo a polícia, saquearam supermercados em Rosario, a 314 quilômetros a noroeste de Buenos Aires, e outras 50 os de Mendoza, a 1.090 quilômetros a oeste. Os saques acontecem no momento em que cresce o mal-estar no país em razão das recentes medidas econômicas do governo, que limitam a utilização de dinheiro vivo ao lado de uma grave deterioração da situação social.

Na quinta-feira, o governo enfrentou a oitava greve geral em dois anos de gestão. O país está em recessão há 43 meses. O porta-voz da Presidência, Juan Pablo Baylac, admitiu que existe "uma revolta na sociedade". De acordo com dados de consultorias privadas, a cada dia surgem 2 mil novos pobres na Argentina. Em 1989, em meio a uma hiperinflação na presidência de Raúl Alfonsín, 18 supermercados de várias cidades do país foram saqueados.

Nesta sexta, começou a consulta popular para a criação de seguro social para desempregados, no valor de US$ 380 por mês. A taxa de desemprego no país atinge 18,3% da população economicamente ativa, a segunda maior na história argentina. O recorde é de 18,4%, alcançado em 1995. A consulta será feita até segunda-feira.

Daniel Marx, vice-ministro da Economia que pediu demissão na noite de quinta-feira, disse o governo pagaria a dívida de US$ 900 milhões, para evitar a moratória (suspensão de pagamentos).

A Argentina ainda espera obter US$ 1,26 bilhão do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para isso, terá de reduzir os gastos do orçamento em US$ 4 bilhões, ainda a ser negociado no Parlamento. O FMI não repassou os recursos ainda porque o governo não cumpriu a meta de déficit fiscal acertada com o Fundo, de US$ 6,5 bilhões no ano. A previsão é de que o déficit feche neste ano acima de US$ 8 bilhões. O substituto de Marx deverá ser Miguel Kiguel, o que é visto no mercado financeiro como um passo à dolarização da economia. Kiguel defende a dolarização antes de uma eventual desvalorização do peso ou fim da paridade cambial entre as moedas americana e argentina.

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