| 20/07/2005 19h35min
O líder do PP na Câmara, deputado José Janene (PR) admitiu hoje que o partido recebeu R$ 1,350 milhão do PT. Segundo Janene, o dinheiro foi usado para saldar dívidas da campanha do partido em 2002. Ele afirma que o PT repassou o dinheiro como ajuda a partidos da base aliada com problemas de dívidas de campanha eleitoral.
– O PT ficou de ajudar os partidos que estavam dando apoio ao governo. Tínhamos que deixar o partido em ordem para 2004. Eram saldos devedores de 2002. Tentamos fechar alianças com o PT para as eleições municipais. Como isso não aconteceu, o repasse também cessou. Em 2004 o PT só ajudou os partidos com os quais fez aliança municipal – explicou Janene.
Janene disse que o dinheiro foi sacado por seu assessor João Cláudio Genu das contas da empresa de Marcos Valério no Banco Rural. Janene fez questão de dizer que, embora lotado em seu gabinete, Genu trabalhava para a presidência do PP e para a liderança na Câmara. Ele negou que o dinheiro tenha sido dado a parlamentares do PP para votar em projetos de interesse do governo:
– Absolutamente não. Estávamos com dificuldade de saldar as dívidas, buscamos ajuda em abril e eles prometeram ajudar. Temos os documentos disso – disse Janene, afirmando que o primeiro repasse veio em setembro de 2003.
Nesta quarta, Janene e outros integrantes da cúpula do PP reuniram-se na sede do partido em Brasília com contadores. Segundo ele, os tesoureiros e ex-tesoureiros (como ele) se encontraram para fazer um levantamento das contas da campanha e do dinheiro recebido. A intenção era fazer as contas para apresentar a justificativa à sociedade, por meio de nota à imprensa.
Janene exercia o papel de tesoureiro da campanha em 2002. Ele contou que apesar de não ter candidato majoritário, o partido fez vários compromissos e não conseguiu saldar todos. Na declaração ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só prestou contas do que arrecadou.
-–As despesas que não tínhamos como pagar, não contabilizamos. Estamos tentando rolar essa dívida desde então – justificou.
Segundo o líder, os partidos usam esse tipo de artifício para evitar perder o fundo partidário. Se o que for arrecadado não bater com as dívidas, o partido não tem direito ao fundo. Ele diz que em 1998 o então tesoureiro da campanha de Fernando Henrique Cardoso, Bresser Pereira, também assumiu isso.
– O Bresser assumiu que tinha caixa 2, disse que era dívida não contabilizada. Isso é regra.
Disse ainda que o partido está com suas contas bloqueadas até hoje por conta de duas ações trabalhistas (uma de R$ 700 mil e outra de R$ 420 mil) de diretórios municipais e a penhora feita por um dos credores por um débito de R$ 530 mil.
As informações são da agência O Globo.